Trocou Lisboa pelo Alto Alentejo e foi lá que começou a produzir os vinhos que comercializa. "Temos uma propriedade, a Quinta de São Sebastião em Monforte, que fica numa zona muito bonita e que tem uma característica fantástica que é pouco comum ali naquela zona, que são solos graníticos. Solos ácidos que permitem que se consigam ali umas uvas extraordinárias que nos permitem fazer vinhos muito bons. Há já cerca de 25 anos que os produzimos", orgulha-se Thomaz de Lima Mayer.

Nos 20 hectares de vinha da propriedade, a preocupação com a qualidade foi, desde o início, mais importante do que a quantidade. "Só fazemos vinhos tintos, à exceção dos nossos rosés, porque aquele terroir não é adequado para vinhos brancos", justifica o produtor vitivinícola da Vinhos Lima Mayer. No início do projeto, o empresário contratou Richard Smart, um reputado viticultor australiano. "Não nos podemos esquecer que o vinho faz-se com uvas", sublinha Thomaz de Lima Mayer.

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Há uns anos, numa feira, apercebeu-se de um visitante asiático que olhava com curiosidade para a sua banca. "Não se aproximava mas também não se ia embora. Fui ter com ele, meti conversa e dei-lhe um dos nossos vinhos a provar. Ele quis saber se eu já exportava para a China, eu disse-lhe que não e iniciámos uma relação comercial muito boa. Infelizmente, há dois anos, fomos afetados pelo COVID-19", recorda o empresário. "Durante dois anos, praticamente não vendemos vinho. A China adquiria-nos 70% da produção e só compravam topos de gama. Neste momento, é um mercado em stand by", lamenta Thomaz de Lima Mayer.

Como não vende em supermercados nem hipermercados, apenas em restaurantes, teve de procurar novas fontes de receita. Para além de voltar a apostar no mercado nacional, investiu também noutros países. "Procurámos mercados alternativos e temos tido algum sucesso. Os EUA são um mercado muito promissor. Também vendemos para a Alemanha e, em pequenas quantidades, para a Bélgica e para Espanha, onde temos um distribuidor", informa o empresário.

"No Brasil, tivemos, durante anos, um excelente mercado mas o nosso importador desistiu do negócio para ir para outra área. Estamos agora a reatar. Temos lá três canais nos quais depositamos muita confiança", assume Thomaz de Lima Mayer em declarações exclusivas ao Broader/SAPO Lifestyle, à margem da apresentação à imprensa de Rosé Lima Mayer 2021, disponível em garrafas de 0,75 litros e em versão magnum, o formato de 1,5 litros que atualmente faz (muito) furor.

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Obtido a partir da casta Aragonez, plantada em solo arenoso, foi submetido a uma ligeira curtimenta com uma fermentação controlada a 16º C. O resultado é um vinho de uma cor rosada intensa com um aroma bastante marcado a frutos vermelhos frescos. Na boca, é simultaneamente equilibrado, frutado e fresco. "Eu acho que está fantástico. Talvez seja o melhor rosé que a gente já fez", orgulha-se Thomaz de Lima Mayer. "Foi feito em bica aberta", esclarece o empresário.

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"Neste processo de vinificação, a uva é espremida e o vinho sai diretamente para as cubas. Separa-se logo das massas. No Alto Alentejo, a cor do vinho é de tal maneira intensa que, se o deixamos ficar duas ou três horas quando está calor, fica tinto em vez de rosé. Este é um processo que tem de ser acelerado para o vinho não ficar muito escuro. Depois, segue-se um processo de vinificação muito prolongado, à volta de duas semanas, a temperaturas muito baixas. Isto faz com que o vinho, depois, tenha um determinado tipo de sabores e características", explica o vitivinicultor.

Anualmente, a Vinhos Lima Mayer produz cerca de 150.000 garrafas de vinho. De Rosé Lima Mayer 2021 só foram engarrafadas 15.000. "É uma produção pequena. Estamos a tentar aumentá-la", revela o empresário. As restantes 135.000 garrafas são de tintos. "Estamos a especializar-nos cada vez mais em vinhos topo de gama", assume. "Fazemos sempre uma monda de cachos muito violenta quando a produção está acima dos limites que consideramos aceitáveis", confessa.

Vinho
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Apesar de radical, a opção compensa. "Para a qualidade ser excelente, chegamos a deitar para o chão 30% da nossa produção, numa fase em que a uva ainda não está completamente desenvolvida. Depois, os bagos dos cachos que ficam evoluem de uma maneira fantástica. A uva que fica é um autêntico rebuçado", revela. "Temos sido reconhecidos pelo esforço que temos vindo a fazer nos últimos anos", orgulha-se Thomaz de Lima Mayer, um apaixonado pela casta Petit Verdot.

"Penso que tenha sido eu a trazê-la para Portugal. Ninguém a conhecia cá. Foi o Richard Smart que ma recomendou, pelas suas características", recorda. "Apesar de não ser muito apologista dos vinhos monocasta, fiz um com Petit Verdot mas, como temos uma produção pequena, esgota-se rapidamente", revela. Lima Mayer Reserva, 2 Tintos, Subsídio e Xatô são outros dos rótulos que comercializa. "Só tenho vinhos bons e vinhos excecionais, modéstia à parte", regozija-se.