Os psicopatas não são só os assassinos raivosos dos filmes, podendo viver junto de qualquer um de nós e com formas muito mais subtis de fazer mal do que apenas as agressões físicas. A maioria não chegará a matar, mas destruirá a vítima a todos os níveis, através da sedução, da compra, da manipulação ou da anulação. Tudo com zero remorsos, zero culpabilidade, zero empatia.

Calcula-se que cada psicopata vitimizará, ao longo da sua vida, pelo menos umas 60 pessoas, conseguindo provocar diferentes graus de destruição emocional e/ou física. Por isso, ainda que uma árvore não faça a floresta, é importante conhecer algumas características e sinais de alerta que permitam evitar, o mais rapidamente possível, que matem a sua autoestima.

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1. Encanto superficial

Causam uma excelente primeira impressão quando os conhecemos, mostrando-se espontâneos, loquazes e desinibidos, sobretudo relativamente aos limites e às normas. Inicialmente podem ser encantadores, engraçados e até divertidos. Porém, com a convivência contínua a máscara acabará por cair e acabará a fase da sedução.

Atrás do seu aparente encanto esconde-se um ser desprovido de qualquer consciência moral. Aguardam como lobos em pele de cordeiro e com aparência de seres amáveis, encantadores e adoráveis a ocasião propícia para atacar as suas vítimas.

2. Dizem o que você quer ouvir

Têm uma enorme facilidade de dizer aquilo que a pessoa quer ouvir. Possivelmente, já a estudaram e vão até reproduzir as suas palavras. Transmitem ser os candidatos ideais para ocupar o coração da vítima que vão ludibriar. Por isso, Iñaki Piñuel, reputado investigador, diz que o pior que lhe pode suceder é que um destes indivíduos se torne o parceiro, marido ou amante.

3. Ausência de remorsos

Demonstram uma ausência geral de preocupação pelas consequências das suas ações na vida dos outros e toda a ação tem uma motivação justificável. Não sentem remorsos nem têm sentimentos de culpa por causa das barbaridades, atrocidades ou fraudes que cometem contra outros, nem sentem qualquer ansiedade ou mal-estar psicológico por causa disso. Não se costumam arrepender, nem expressam sentimentos de culpa. Quando o fazem, trata-se de meras estratégias para se camuflarem, ou para seduzirem as vítimas.

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4. Ora manipulam, ora mentem

Recorrem a esquemas, embustes, fraudes e outras estratégias manipulatórias com a finalidade de obter ganhos pessoais e dominar as vítimas. Quando se desculpam, ou pedem perdão, estão apenas a procurar conseguir mais tempo para se aproveitar das vítimas. Mentem e, se necessário, inventam novas mentiras para disfarçar as primeiras. A capacidade de um psicopata para mentir e inventar novas mentiras é surpreendente. Se são apanhados em flagrante, tentam convencer a vítima de que são eles as verdadeiras vítimas.

5. Superficialidade afetiva

Quando simulam chorar de arrependimento, estão apenas a imitar uma emoção que não sentem e sabem confundir a vítima. Podem afirmar que experienciam emoções fortes e profundas, mas, quando convidados a descrevê-las, vivem uma incapacidade de sentir ou expressar genuínas emoções. Caso procurem exteriorizar, podem assumir um registo dramático, desarticulado ou que é rapidamente vivido.

6. Insensibilidade

No fundo, a ausência de sentimentos de empatia para com os outros. São incapazes de se colocar no lugar dos demais, manipulando-os tranquilamente como objetos e instrumentos. O único objetivo é que satisfaçam os seus desejos sem se preocuparem, por pouco que seja, com os efeitos que os seus comportamentos possam ter em terceiros. O outro é apenas um meio para atingir um fim e podem enfurecer-se quando não lhes obedecem.

7. Irresponsabilidade

Se por um lado não se responsabilizam por nada do que fazem, por outro, tendem a culpabilizar sempre os outros pelos problemas que os próprios causam. Quando aparentam aceitar as responsabilidades é de uma forma superficial, procurando minimizar, ou negar, as consequências das suas ações. Têm pouco, ou mesmo nenhum, sentido de dever ou lealdade. Demonstram dificuldade em lidar com a crítica. Ao culpabilizarem a vítima fazem com que estas desenvolvam uma atitude submissa e fiquem paralisadas, acabando por se submeterem ainda mais.

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8. Mania das grandezas

Atribuem a si próprios uma excessiva importância, adotando um sentimento de grandiosidade e de merecimento que não corresponde à realidade, mas que lhe permite transmitir uma imagem social falsa. Descreve-se com uma visão altamente inflacionada das suas capacidades e valores, podendo inventar supostos sucessos, realizações e êxitos. A sedução que exerce baseia-se no facto de conseguir simular a posse de um atrativo pessoal, ou ético, que, no fundo, sabe não ter. Muitos serial killers colecionaram os recortes e manchetes dos jornais sobre os próprios crimes.

9. Ausência de medo

Não temem o castigo, nem as possíveis sanções. O psicopata tem um campo enorme de possibilidades à sua frente para satisfazer os seus desejos. A vítima, a sociedade e até mesmo a justiça não oferecem nenhum temor real. A procura de novas sensações aliada à ausência de medo leva a comportamentos cada vez mais violentos e sádicos. Talvez a característica que mais chame a atenção nos homicidas em série seja a ausência de medo aparente, que resulta evidente com os riscos que tais indivíduos correm para concretizar os seus atos e crimes.

10. Crueldade com animais

Torturar animais durante a infância e adolescência é, simultaneamente, um preditor de psicopatia na idade adulta e uma característica tipicamente presente nos homicidas em série. Tal acontece, porque há uma escolha por uma vítima vulnerável e indefesa sobre a qual se possa exercer poder. Edmund Kemper (acusado de 10 assassinatos, incluindo o da própria mãe) enterrava gatos vivos, decapitava-os e mutilava-os. Jeffrey Dahmer (matou 17 pessoas do sexo masculino) decapitava cães e fazia experiências cruéis com animais domésticos.

Veja na TV

Aproveite a programação especial sobre serial killers do canal Crime + Investigation, primeiro canal em Portugal dedicado à investigação de crimes reais, durante o mês de novembro, aos sábados e aos domingos, com vista a aprofundar as mentes de 25 assassinos e a perceber como os traços psicopáticos estavam presentes.

Então, o que fazer? Robert Hare, nome incontornável no tema da Psicopatia, alerta que é errada a crença de que se se der uma oportunidade ao psicopata tudo irá correr bem. Na verdade, os psicopatas tiram partido disso através de mentiras contínuas, argúcias e manipulações.

Apesar de nem todos os assassinos em série serem necessariamente psicopatas e nem todos os psicopatas serem assassinos em série, a investigação mostra que quanto mais violento, extremo ou horrível for o homicídio, maior a probabilidade de ter sido cometido por um criminoso com maior grau de psicopatia. Um estudo que comparou jovens que haviam sido condenados por homicídio a outros criminosos violentos apurou que 70% dos homicidas preenchiam os critérios de psicopatia.

Ted Bundy, que terá morto e violado mais de 35 mulheres, demonstrando um ar encantador na abordagem às vítimas, afirmou que “um assassino em série pode ser esse vizinho que te cumprimenta de forma educada a cada manhã e nada nos garante que não possamos ser a sua próxima vítima”.

As explicações são de Mauro Paulino, Psicólogo Clínico e Forense, Coordenador da Mind – Psicologia Clínica e Forense, em parceria com o Crime + Investigation.