
O brincar é uma das principais alavancas para o desenvolvimento infantil, enquanto uma criança brinca, desenvolve o seu imaginário, exponencia a sua capacidade cognitiva, organiza o seu pensamento, experimenta diversos papéis e estados emocionais. Por tudo isto, o brincar seja ele mais ou menos estruturado é sempre fundamental e imprescindível à infância.
No entanto, muitas vezes, algumas crianças parecem deixar o brincar para segundo plano, por vezes, até nos transmitem a sensação de que parecem não saber brincar. Este cenário dá-se, principalmente, pelos estímulos tecnológicos excessivos que acompanham as crianças muitas vezes desde muito cedo, seja através de vídeos, de excesso de televisão ou de videojogos, por exemplo.
Quando o brincar é substituído apenas por estímulos tecnológicos, são muitos os comprometimentos a nível de desenvolvimento como, por exemplo, ao nível do desenvolvimento da capacidade de lidar com a frustração, da capacidade de atenção e de concentração.
Assim, se estamos perante uma criança que parece não recorrer ao brincar, este é um grande sinal de alerta, devemos preocuparmo-nos e conduzi-la nesse processo. Começando por reduzir gradualmente os estímulos tecnológicos e, ao mesmo tempo, levá-la a brincar, primeiro através de brincadeiras mais estruturadas, em que o adulto guia a criança, para que, depois, se possa passar para brincadeiras mais abertas em que a criança já consegue criar livremente a brincadeira e guiá-la.
Este processo implica que a criança aos poucos comece a explorar diversos estímulos e comece a criar interesse por eles, ao fazê-lo a capacidade de brincar vai surgindo. E, é muitas vezes quando colocamos uma criança a brincar e quando finalmente ela parece ser capaz de deixar as brincadeiras fluirem de forma livre, que os saltos de desenvolvimento se dão, de repente uma criança com determinadas fragilidades parece, por fim, conduzida pela capacidade de brincar ser capaz de as ultrapassar.
Perante tudo isto, nunca nos esqueçamos que o brincar é, assim, a melhor ferramenta dos pais, dos professores e dos adultos à volta da criança, quer para a ‘puxar’ para a relação, quer para desenvolver as suas competências, quer para garantir que uma criança cresce feliz e emocionalmente saudável.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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