A doença do olho seco é uma condição oftalmológica multifatorial, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Não depende apenas de fatores internos do doente — como alterações hormonais, doenças autoimunes ou uso prolongado de ecrãs — mas também de fatores ambientais, como a humidade do ar, a poluição e, sim, a temperatura.

O calor é, aliás, um dos elementos que mais frequentemente agrava os sintomas de olho seco.

Com o aumento da temperatura ambiente, é comum verificarmos uma maior evaporação da película lacrimal que protege e lubrifica a superfície do olho.

Quando esta película se torna instável ou insuficiente, surgem sintomas como ardor, sensação de areia nos olhos, vermelhidão e, paradoxalmente, até lacrimejo reflexo. Ambientes com ar condicionado, vento quente ou exposição solar direta intensificam ainda mais essa evaporação, tornando o verão um período particularmente difícil para quem sofre de olho seco.

Para proteger os olhos durante os dias mais quentes, deixo algumas recomendações simples: use óculos de sol com proteção lateral para reduzir a evaporação causada pelo vento e pela radiação UV; evite exposição prolongada a ar condicionado direto; mantenha-se bem hidratado; e, se necessário, use lágrimas artificiais sem conservantes.

Em casa, um humidificador pode ajudar a melhorar o ambiente. E, claro, se os sintomas persistirem, consulte um oftalmologista — porque o desconforto ocular não é “normal” e pode (e deve) ser tratado.

Um artigo da médica Ana Miguel Quintas, oftalmologista especialista em Córnea e Superfície Ocular Externa na Clínica Alm Primum.