Um dos sinais mais preocupantes é quando a ansiedade começa a interferir no nosso dia a dia, desenvolvendo-se até um comportamento de evitamento face a coisas que se fazia com regularidade e começam a ser paulatinamente subtraídas da rotina pelo próprio paciente. Trata-se de uma sensação constante de vulnerabilidade e insegurança que retira por completo a possibilidade de se viver de forma descontraída e espontânea.
Posso, sem dúvida, considerar que o primeiro sinal de alerta que nos chega em consulta é o facto do paciente se sentir incongruente, ou seja, vê-se a comportar-se de uma forma, a sentir as coisas do seu dia-a-dia de uma forma muito diferente da do seu habitual. Isto é sinal de que a ansiedade deixou de ser funcional, passou a ser patológica o que acaba por toldar completamente a visão que temos de tudo o que nos rodeia.
Importa sublinhar que numa ansiedade patológica, o medo está sempre à espreita. Trata-se de um mindset focado na ameaça constante de que algo de mau vai acontecer. No fundo estamos a falar de medos exagerados, fruto de uma perceção deturbada daquela que é efetivamente a realidade.
Sinais do stress
Normalmente o stress é potenciado por fatores externos ao paciente e normalmente relacionados com uma situação da atualidade. Ao passo que na ansiedade a tendência é a de se viver na antecipação de problemas, como se se vivesse sempre na tentativa de antever o que vai acontecer no futuro.
Assim sendo, no stress os principais sinais podem ser uma baixa considerável nos níveis de produtividade no trabalho como também numa falta de espaço psicológico para a família, filhos, cônjuge ou até mesmo para um contexto meramente social. Em suma, aquilo que muitas vezes se torna um sinal manifesto é um humor mais comprometido e facilmente irritável.
O que causa ansiedade
A perceção que temos da nossa vida, dos eventos que vivemos e integramos no nosso leque de experiências desde que nascemos até à nossa atualidade é uma das principais fontes de ansiedade. A causa está quase sempre associada a experiências vividas no passado de forma traumática e que terão condicionado o paciente a reagir sempre de forma ansiogénica, por vezes até sob a forma de pânico, a situações semelhantes no seu presente. Assim sendo, as causas específicas podem ser variadas, desde o medo de exposição face aos outros, medo de morrer de forma súbita, medo de falhar, medo da rejeição, etc. Torna-se por isso fundamental identificar todas os estímulos desestabilizadores para que se consiga equilibrar a resposta emocional e psicológica do paciente.
Causas de stress
Muitas vezes o stress tem origem na profissão desempenhada pelo paciente. Muitas das queixas estão associadas a uma chefia muito rigorosa e por vezes até agressiva, numa carga horária excessiva, numa falta de tempo daí gerada para a vida pessoal do paciente. Por outro lado pode o stress estar associado a uma vida pessoal/ familiar disfuncional, a problemas financeiros ou até a grandes mudanças geradas na vida do paciente. Sublinho que o stress negativo é aquele que se prolonga no tempo, sem término à vista. Por desgaste este stress começa então a gerar bastante desconforto físico e mental. Em contraste, o stress positivo é aquele que nos torna atentos e produtivos de uma forma equilibrada e funcional.
O impacto da ansiedade
Uma vez que a nossa mente estará sempre em conexão com o nosso corpo, muitas vezes é através do corpo que começam a surgir alguns sinais de que algo do foro psicológico e emocional está errado. Assim sendo é habitual ter queixas de síndrome de cólon irritável, cansaço, coração acelerado, dificuldade em respirar, suores, calores, tremores, sensação de desmaio, entre outros. Em suma é comum o relato de um sentimento de exaustão quando o padrão de ansiedade se repete continuamente e sob a qual não se usufruir de uma ajuda profissional para a combater.
Consequências na saúde
O stress negativo é aquele se prolonga demasiado no tempo e por isso mesmo não há como suportar eternamente estes fatores de stress sem que o nosso corpo comece a ressentir-se. É comum surgirem insónias, falta de apetite (ou pelo contrário um aumento de peso pela compensação emocional do stress através de uma alimentação desequilibrada), dores de cabeça, patologias do foro gastrointestinal, dores musculares, queda de cabelo, baixa do sistema imunitário devido ao aumento do cortisol entre outras hormonas que acabam por comprometer o bom funcionamento do organismo.
Um artigo da psicóloga clínica Catarina Graça, psicoterapeuta na Clínica da Mente.
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