A investigação, coordenada pela especialista Sara Duarte, que vai decorrer durante um ano, consiste na caracterização celular deste linfoma, "que é relativamente raro, mas que apresenta elevada morbilidade quando sintomático", representando 02% dos Linfomas Não Hodgkin, "em que existem poucos estudos".
"Estes estudos de caracterização celular nunca foram realizados. Queremos com essa caracterização estabelecer uma relação com as alterações genéticas conhecidas e que já foram bem demonstradas", disse a médica de hematologia à agência Lusa.
Sara Duarte explica que, "uma vez identificada e caracterizada a célula maligna que está na origem do Linfoma Linfoplasmocítico ir-se-á também estudar o seu impacto no microambiente envolvente, particularmente de que forma o compartimento de células B normais é modelado pelas células malignas".
O estudo pretende também investigar "os mecanismos celulares que estão subjacentes à migração das células malignas da medula óssea para os órgãos linfóides secundários, que é um evento que ocorre apenas em um terço destes doentes, mas que quando há disseminação para fora da medula óssea o prognóstico é pior".
A investigação vai contribuir para uma melhor compreensão dos mecanismos que levam à origem e progressão do Linfoma Linfoplasmocítico," assim como à identificação de fatores de prognóstico com o objetivo último de identificar potenciais alvos terapêuticos, que permitam o desenvolvimento das terapêuticas dirigidas especificamente para este tipo de linfoma.
"Até aqui os doentes com Linfoma Não Hodgkin são tratados com drogas terapêuticas que foram inicialmente conceptualizadas para tratar linfomas mais agressivos ou o Mieloma Múltiplo, pelo que o grande objetivo é permitir identificar alvos terapêuticos para que depois a indústria farmacêutica consiga desenvolver uma droga que possam tratar, curar ou melhorar a qualidade de vida destes doentes", sublinhou.
Este estudo vai receber a Bolsa de Investigação em Neoplasias de Células B Maduras, no valor de 15 mil euros, atribuída pela Associação Portuguesa contra a Leucemia (APCL) em parceria com a Sociedade Portuguesa de Hematologia (SPH) e com o apoio da biofarmacêutica Gilead.
"É com muito orgulho que atribuímos esta bolsa de investigação a um projeto que pode ser uma mais-valia na cura de doentes com este tipo de Linfoma Não Hodgkin. É muito importante encontrar tratamentos que permitam ajudar cada vez mais pessoas e aumentar a esperança média de vida dos doentes com linfoma", afirma Manuel Abecasis, presidente da Associação Portuguesa Contra a Leucemia, em comunicado enviado à agência Lusa.
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