A medida fez temer o regresso de um bloqueio semelhante ao realizado na primavera passada, que se prolongou durante dois meses e abrangeu quase todos os 25 milhões de habitantes de Xangai. No início desse bloqueio, as autoridades disseram também que ia durar apenas alguns dias, mas continuaram a prolongar o prazo.
A China mantém uma estratégia de ‘zero casos’ de covid-19, que inclui o bloqueio de cidades inteiras, o isolamento de todos os casos positivos e respectivos contactos diretos em instalações designadas e o encerramento praticamente total das fronteiras.
Medidas de bloqueio foram impostas noutros locais do país, incluindo na região do Tibete, onde ocorreram protestos.
Vídeos difundidos nas redes sociais mostram multidões de tibetanos nativos e chineses da etnia Han a protestar nas ruas de Lhasa contra um bloqueio que dura há 74 dias. As imagens terão sido registadas na noite de quarta-feira, mas não há sinal de violência.
Muitos chineses e estrangeiros a residir no país esperavam uma mudança de política depois do 20º Congresso do Partido Comunista Chinês, que se realizou na semana passada, mas as autoridades frisaram que a estratégia de ‘zero casos’ é “sustentável” e “deve ser mantida”.
A China registou, nas últimas 24 horas, 1.337 novos casos — a maioria assintomáticos — e nenhuma morte. Xangai relatou 11 casos assintomáticos e o Tibete teve um caso confirmado com sintomas e cinco casos assintomáticos. A China diz ter registado um total de 258.660 casos e 5.226 mortes desde que os primeiros casos do novo coronavírus foram diagnosticados na cidade de Wuhan, centro do país, no final de 2019.
Num possível sinal de que a estratégia da China vai ser mantida a longo prazo, Xangai planeia construir um centro de quarentena permanente, numa ilha no rio Huangpu, que divide a cidade, segundo a revista de informação económica Caixin.
O projeto, de 1,6 mil milhões de yuans (cerca de 222 milhões de euros), na Ilha Fuxing, vai expandir as instalações existentes para criar 3.009 quartos de isolamento e 3.250 leitos. A construção deve ficar concluída dentro de seis meses, detalhou a Caixin.
A China recusou-se a aprovar vacinas estrangeiras de tecnologia RNA, como as inoculações da Pfizer, Moderna, AstraZeneca e J&J.
Em meados de outubro, 90% dos chineses estavam totalmente vacinados e 57% receberam uma dose de reforço, com vacinas desenvolvidas por farmacêuticas locais. A estratégia de ‘zero casos’ do país significa também que a população chinesa carece de imunidade natural.
Na segunda maior cidade do Tibete, Shigatse, as autoridades anunciaram que vão repor a “normalidade de vida e produção”, a partir de hoje.
As autoridades ordenaram também na quarta-feira o confinamento de 900.000 pessoas em Wuhan, ao longo de pelo menos cinco dias. Na remota província de Qinghai, os distritos urbanos da cidade de Xining estão sob bloqueio desde sexta-feira passada.
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