“Na primeira onda fizemos alguns erros, mas estamos a reagir de uma forma positiva, com uma liderança importante da Comissão Europeia, coordenando as medidas, acelerando a produção da vacina e implementando uma estratégia de vacinação”, sublinhou Santos Silva, ao lado dos seus homólogos da Alemanha e da Eslovénia, que formam o Trio de Presidências da União Europeia em 2020/2021.
Antes, Heiko Maas, ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, assumiu que a União Europeia está a “aprender com os erros”, acrescentando estar “mais bem preparada, por exemplo na distribuição de equipamento”.
“Há muitas coisas que na primeira onda não correram tão bem, [mas] com a experiência e com os erros estamos a aprender. Vimos que fechar as fronteiras só teve uma ajuda limitada”, exemplificou Maas.
Para Augusto Santos Silva, os países da União Europeia são “exemplares” no planeamento de distribuição da vacina, destacando as diferenças com a China ou os Estados Unidos.
“Tivemos sucesso a criar um grupo de países com objetivo de acelerar o processo de produção de uma vacina, que pudesse ser um bem público universal. Todos os processos e decisões da União Europeia têm ido nesse sentido, todos os países têm de fazer a sua parte”, destacou, lembrando que Portugal irá reservar vacinas para os territórios de língua portuguesa em África e Ásia, não avançando para já um número.
“Os critérios são claros. A prioridade são os grupos de risco e pessoas que estão na primeira linha de combate ao vírus, e temos também de usar o critério da idade. Não podemos distinguir entre nacionalidades, temos de começar com as pessoas de idade na Europa, na África, na América Latina. Os jovens na Europa podem esperar, tal como na África e na América Latina”, explicou, ressalvando que, como europeus, a maior número de vacinas será reservado para a Europa.
Santos Silva participou no painel “Turning Crisis into Opportunity? Europe in a (Post-) Pandemic World Order”, destacando a importância de aproveitar a recuperação da Europa para transformar a economia e a sociedade, com a “transição verde” e a transição digital.
“Esta crise, a necessidade de acelerar a recuperação, de salvaguardar o mercado interno, tem também de ser equacionada como uma oportunidade de transformar a nossa economia numa forma mais digital e verde, e reforçar a nossa solidariedade social que constitui a base das nossas democracias”, salientou.
Portugal assume a 01 de janeiro a sua quarta presidência do Conselho da União Europeia (UE), depois das de 1992, 2000 e 2007, nas quais concluiu importantes acordos europeus e contribuiu para abrir a Europa a África.
Esta quarta presidência portuguesa, que se estende pelo primeiro semestre de 2021, terá desde logo como prioridades o orçamento da UE para 2021-2027, o Fundo de Recuperação pós-pandemia e o “Brexit”, e realiza-se com novas regras, definidas pelo Tratado de Lisboa, em vigor desde 2009.
Comentários