Num comunicado hoje divulgado, a Ordem dos Médicos (OM) diz que desta forma pretende homenagear uma “investigadora por excelência” e defende que a escolha da do Dia Nacional da Cultura Científica pretende “enaltecer as várias dimensões a que Maria de Sousa dedicou a sua vida, conseguindo aliar a vertente científica que mais a celebrizou a uma enorme cultura e humanismo”.
O bastonário Miguel Guimarães recorda no comunicado que a imunologista “catapultou a ciência, a medicina e a investigação portuguesa além-fronteiras para patamares de excelência, sem nunca deixar de colaborar no desenvolvimento de instituições em Portugal, como por exemplo a Universidade do Porto, o que foi justamente reconhecido em vários prémios e distinções, de caráter nacional e internacional”.
“O legado de Maria de Sousa, nomeadamente pelo exemplo de dedicação, rigor e capacidade de aliar a investigação científica à prática clínica, perdurará e continuará a ser um farol nas nossas vidas profissionais”, afirma.
Miguel Guimarães explica que, com este prémio, a OM pretende “dar também um sinal positivo a todos os médicos que dedicam a sua vida à investigação ou que a conciliam com a atividade clínica, contribuindo para mudanças no dia-a-dia que melhoram a qualidade da medicina e os cuidados dos doentes”.
“Estamos num ano especialmente desafiante, em que as nossas vidas foram profundamente abaladas, mas estamos certos e seguros de que a medicina pode e deve continuar a fazer o seu caminho lado a lado com a ciência e queremos com esta homenagem ser agentes ativos nesse percurso”, conclui.
A cientista, escritora e professora universitária Maria de Sousa, que morreu na madrugada de terça-feira no Hospital de São José, em Lisboa, vítima da infeção pelo novo coronavírus, lecionou em Inglaterra, Escócia e Estados Unidos, depois de ter saído de Portugal ainda durante o Estado Novo, em 1964.
Maria de Sousa regressaria já no período democrático, em 1985, passando a professora catedrática de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto.
Era professora Emérita da Universidade do Porto, investigadora honorária do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde e ainda membro do júri do Prémio Pessoa.
As suas descobertas foram publicadas na revista Journal of Experimental Medicine e na revista Nature, respetivamente em janeiro e dezembro de 1966.
Em 1971, Maria de Sousa deu um nome ao fenómeno de migração dos linfócitos de diferentes origens – tanto do timo como da medula óssea, onde se forma outro tipo de linfócitos – com destino a microambientes específicos nos órgãos linfáticos periféricos e aí se organizarem em áreas bem delineadas. Chamou-lhe “ecotaxis”.
Recebeu o Grande Prémio Bial de Medicina em 1995, o Prémio Estímulo à Excelência em 2004 e a Medalha de Ouro de Mérito Científico em 2009, ambos atribuídos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Seguiram-se o Prémio Universidade de Coimbra 2011 e o Prémio Universidade de Lisboa 2017.
Foi condecorada por três presidentes da República: em 1995, por Mário Soares, com o grau de grande-oficial da Ordem Infante D. Henrique, em 2012, por Aníbal Cavaco Silva, com o grau de grande-oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, e em 2016, por Marcelo Rebelo de Sousa ,com a grã-cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.
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