O sistema, intitulado iHandUapp, permite, a partir de casa e através de um telemóvel, que os doentes com Parkinson monitorizem os sintomas associados à doença e enviem, em tempo real, os dados para os profissionais de saúde que os acompanham, revela hoje o instituto do Porto em comunicado.
A tecnologia é ainda composta por uma plataforma 'web' que agrega todos os dados e fornece aos profissionais de saúde o histórico sobre a evolução clínica dos doentes com Parkinson, doença neurodegenerativa que afeta sobretudo a coordenação motora e que se estima que afete 10 milhões de pessoas em todo o mundo.
Citado no comunicado, o investigador Duarte Dias esclarece que a aplicação móvel "híbrida" está preparada para funcionar nos sistemas operativos Android e iOS.
Através da 'app', os doentes conseguem gerir a medicação, realizar testes para monitorizar os sintomas associados ao Parkinson e "manter os profissionais de saúde informados caso aconteça algum evento relevante".
Duarte Dias acrescenta ainda que o sistema está preparado para se conectar com componentes externos, os designados 'appcessories', como o dispositivo iHandU, tecnologia que tem vindo a ser desenvolvida desde 2015 por investigadores do INESC TEC e que permite quantificar a rigidez do pulso, um dos principais sintomas da doença.
"Esta tecnologia patenteada está a ser utilizada numa fase cirúrgica, durante intervenções de estimulação cerebral profunda, mas com este novo sistema irá ser possível também o seu uso em consultas clínicas para monitorização dos pacientes assim como em casa dos mesmos", assegura o investigador que é um dos coordenadores do Centro de Investigação em Engenharia Biomédica do INESC TEC.
O dispositivo iHandU foi transferido para o mercado através da InSignals Neurotech, uma 'spin-off' lançada pelo INESC TEC em 2019, tendo já sido testado e analisado por profissionais de saúde do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ).
"O primeiro protótipo do sistema iHandUapp fornece uma prova de conceito promissora que, com alguns ajustes, acrescentará certamente valor à monitorização da doença de Parkinson", afirma Duarte Dias, acrescentando que o 'feedback' recebido dos profissionais do hospital de São João reforça a "usabilidade, simplicidade e adequabilidade da solução".
O sistema iHandUapp, que começou a ser desenvolvido em 2020, foi distinguido com o prémio de melhor artigo científico na conferência IEEE MELECON, que decorreu este mês em Palermo, na Itália.
Além de investigadores do instituto do Porto, o desenvolvimento do sistema foi acompanhado pelo neurologista João Massano, do CHUSJ, que permitiu "desenhar um sistema adaptado às necessidades clínicas".
O sistema será utilizado num estudo clínico já aprovado no hospital de São João, sendo que o objetivo dos investigadores é licenciar a tecnologia à 'spin-off' InSignals Neurotech.
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