Quando encontramos alguém e nos perguntamos como nós, a resposta é, geralmente, “assim assim”, “mais ou menos” ou “vamos andando”. Resultado disto: depreendo que estamos sempre, ou quase sempre, “meio doentes”.
Não sei se o fado ou a semente de uma tradição controladora e substitutiva do direito à autodeterminação do indivíduo e ao seu empoderamento terá acentuado este estado de letargia em que muitos se encontram.
Se é pela questão económica, de facto, há cerca de dois milhões de pessoas sem limites de pobreza em Portugal. Em relação às multimorbilidades, o que é certo é que, após os 65 anos, sofremos de uma meia ou doença total que nos tolhe a qualidade de vida. Temos problemas profundos de alfabetização em saúde, que só poderão ser ultrapassados em rede, envolvendo a saúde, o setor social, a educação, a cultura e as políticas públicas, entre outras áreas.
Pensamos que tudo está bem porque não vemos a manifestação direta de problemas de saúde mental que nos afetam. Cerca de 40% dos jovens universitários têm problemas de saúde mental, segundo um estudo recente conduzido por um conjunto de associações e federações de estudantes, entre as quais a de psicologia (ANEP).
Estamos meio doentes.
O que fazer para sair deste limbo que afeta mais os pessimistas do que os otimistas? Estudos de revisões sistemáticas mostram o poder do otimismo nas doenças cardiovasculares, no câncer, entre outras.
Acordar esta meia-doença exige esforço, cognição e volição. As consequências da meia-doença perturbam as sociedades, deixando fugir a esperança.
Está na altura de ativar a esperança, de recuperar o orgulho de sermos pessoas interventivas, que se importam com o que está ao seu redor. Acredito que só esta atitude de sermos um pouco mais conscientes do outro nos fará mais conscientes de nós mesmos e, assim, menos “meio doentes”.