A Direção-Geral da Saúde (DGS) publicou pela primeira vez uma norma em dezembro de 2016 sobre a fibromialgia, passando a reconhecer oficialmente esta doença descrita pela Organização Mundial de Saúde em 2004. Com este reconhecimento, os doentes passaram a ter os mesmos benefícios dos outros pacientes crónicos em regime especial, como a comparticipação de medicamentos e isenção de taxas moderadoras.

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A doença era, até então, marginalizada e frequentemente alvo de críticas por partes de alguns profissionais de saúde que se recusavam a reconhecê-la. "O médico que ouse dizer que a fibromialgia não existe e que é do foro psicológico estará sujeito a sanções", alerta Margarida Neves de Sá, da Associação Portuguesa de Doentes com Fibromialgia.

Mas que doença é esta e como se manifesta?

A fibromialgia atinge cerca de 2 a 3% da população adulta portuguesa - cerca de 300 mil pessoas. As mulheres são cinco a nove vezes mais afetadas do que os homens. A doença inicia-se, em regra, entre os 20 e os 50 anos.

Trata-se de uma doença com diagnóstico difícil, que é incapacitante e geradora de limitações para os seus portadores, tanto na vida profissional como na vida privada. Essas limitações manifestam-se diariamente no cumprimento de tarefas aparentemente simples gerando um recorrente absentismo laboral.

Não existem exames de diagnóstico para a fibromialgia a não ser o exame clínico, embora devam ser efetuados outros exames para se excluírem outras patologias de foro reumatológico, doenças autoimunes ou hipotiroidismo, por exemplo.

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Não se conhecem com rigor as causas da fibromialgia, embora se acredite que a doença seja multifatorial. O stress, algumas doenças imunológicas e endocrinológicas, um trauma físico (cirurgia, acidente de viação, por exemplo) ou um trauma psicológico (morte ou divórcio) podem gerar o desenvolvimento desta patologia clínica.

Os sintomas

O sintoma mais recorrente da fibromialgia é a dor, que pode afetar quase todo o corpo. Em certas ocasiões a dor começa de forma generalizada mas pode afetar regiões específicas como o pescoço, ombros, região lombar e pernas.

A dor da fibromialgia pode ser descrita como uma sensação de queimadura ou mal-estar e por vezes podem ocorrer espasmos musculares. Os sintomas podem variar em relação à hora e ao dia, podendo ser mais frequentes de manhã, e agravam-se com a atividade física, mudanças climáticas, falta de sono e stress.

Além da dor, a fibromialgia pode causar formigueiro e inchaço nas mãos e pés, principalmente ao levantar da cama, bem como ocasionar rigidez muscular. Outra alteração da fibromialgia associada à dor é a fadiga, que se mantém durante quase todo o dia com pouca tolerância ao esforço físico.

As pessoas com fibromialgia queixam-se de perturbações do sono, ansiedade, dificuldades de concentração, atenção e memória. No entanto, a doença ainda é um mistério para a ciência, que ainda não conseguiu encontrar uma causa científica para esta patologia.

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Tratamento

"O tratamento da dor nestes doentes deve sempre ter uma perspectiva multimodal, ou seja intervir em várias vertentes, nomeadamente, ao nível do exercício que é essencial para estes doentes, a alimentação, o equilíbrio psicológico", explica Armando Barbosa, especialista em Anestesiologia e em Medicina da Dor, nas Clínicas PainCare.

"Ao nível de medicação, deve-se evitar a introdução de anti-inflamatórios de forma sistemática, a não ser em situações esporádicas e agudas. Outros fármacos que introduzimos de forma sistemática são os anticonvulsivantes, determinados antidepressivos, analgésicos, relaxantes musculares", acrescenta.

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