Saiba neste artigo da médica imunoalergologista Marta Chambel que tipos de FPIES existem e como é feito o diagnóstico.

Não se sabe ao certo quantas crianças e adultos sofrem desta doença. O diagnóstico é difícil e por isso o número de casos identificados pode ser inferior ao número real.

Os alimentos que mais frequentemente causam FPIES são:

  • Leite de vaca
  • Soja
  • Peixe
  • Arroz
  • Mariscota cham

Embora estes sejam os alimentos mais comuns, qualquer alimento pode ser a causa de FPIES, nomeadamente cereais (aveia, milho, cevada), frango, peru, ovo, leguminosas, batata, batata‐doce, abóbora e frutos frescos.

A maioria das crianças com FPIES reage apenas a um alimento. O início de sintomas ocorre habitualmente entre 1 a 4 semanas após introdução do mesmo na dieta. Assim pode ter havido ingestão prévia do alimento sem que tenha causado qualquer reação. 

Existem 2 tipos de FPIES

  1. Aguda - vómitos repetidos com início 1-4 horas após ingestão do  alimento. São quadros graves que causam prostração, apatia e desidratação com necessidade de ida a serviço de urgência. Também pode causar diarreia 24 horas após ingestão. As fezes podem ou não ter sangue. Após exclusão do alimento da dieta, os sintomas desaparecem em 24 horas
  2. Crónica - Afeta sobretudo bebés até aos 4 meses de idade e os sintomas surgem 1-4 semanas após introdução do alimento na dieta habitual. Os sintomas são diarreia crónica (dura mais de 4 semanas) que pode ter sangue e muco,  vómitos intermitentes, irritabilidade e má progressão estaturo-ponderal (não aumento de peso/comprimento). Os sintomas desaparecem 3-10 dias após a exclusão do alimento. Quando volta existir contactar com o alimento surgem sintomas agudos (vómitos repetidos que com frequência causam desidratação).

Quase todos os casos de FPIES em crianças resolvem entre os 3 e 5 anos de idade.

Esta alergia não é mediada pelo anticorpo IgE que é o anticorpo que se identifica em testes cutâneos e análises de sangue. Assim, crianças e adultos com FPIES têm testes cutâneos por picada e análises de sangue negativas para o alimento em questão. 

Como se diagnostica?

  • Sintomas característicos após ingestão do alimento suspeito
  • Resolução dos sintomas após remoção do alimento da dieta
  • Exclusão de outras causas possíveis (por exemplo intoxicação alimentar, gastroenterite aguda)
  • Prova de provocação oral (PPO) - consiste na administração controlada do alimento no hospital, sob vigilância de equipa médica e equipa de enfermagem.

Como se trata?

  • Evitar o alimento ao qual existe alergia (alertando sempre para os perigos da contaminação cruzada)
  • Até existir resolução da alergia ter sempre medicação para tomar caso ocorra contacto / ingestão acidental (anti-emético para parar os vómitos; corticóide oral e anti-histamínico orais para parar o mecanismo alérgico). Pode existir necessidade de ida a SU para hidratação endovenosa
  • Avaliar a resolução da alergia a cada 12-18 meses mediante a realização de PPO (não devem ser feitas experiências em casa!)

A ausência de exames que permitam confirmar a alergia e o facto dos sintomas serem inespecíficos torna o diagnóstico difícil e por isso com alguma frequência ocorre mais do que um episódio de sintomas com a ingestão do alimento até que seja feito o diagnóstico. 

Um artigo da médica Marta Chambel, especialista em Imunoalergologia.