Roberta Wilson-Garrett olhou para a luva que mantinha a sua mão direita firme e sorriu. Por um momento, os tremores causados pela doença de Parkinson que afetavam o seu controlo muscular tinham desaparecido, permitindo-lhe fazer coisas como escrever com clareza com uma lapiseira ou beber uma xícara de café sem derramar o líquido.
A canadiana sentiu este alívio graças ao produto apresentado pela empresa GyroGlove na feira de tecnologia CES, celebrada anualmente em Las Vegas.
"Isto muda a minha vida", disse Wilson-Garrett sobre como a GyroGlove parou os tremores musculares incontroláveis que a impediam de fazer tarefas simples como se vestir.
A GyroGear criou o estabilizador de mãos mais avançado do mundo com parceiros como o grupo tecnológico chinês Foxconn, segundo seu fundador, Faii Ong.
A chave do dispositivo é um giroscópio com um disco no seu interior que gira mais rápido que a turbina de um motor a reação, segundo Ong.
"É produzido na mesma fábrica dos MacBook Pros", explica Ong, referindo-se à Foxconn, fornecedora da Apple.
Cão-guia
A GyroGear, com sede em Massachusetts, é uma das empresas presentes na CES que tentam usar a tecnologia para melhorar a vida de pessoas doentes ou portadoras de deficiência.
Startups como Glidance e gigantes como a Amazon foram algumas das empresas reunidas numa secção do hotel e casino Venetian para mostrar a tecnologia destinada a melhorar a vida destas pessoas.
O funador da Glidance, Amos Miller, que perdeu a visão precocemente, mostrou um dispositivo compacto de duas rodas chamado Glide, que é uma espécie de cão-guia para cegos.
Pode-se indicar um destino ao Glide e ele vai guiando quem o segurar ou empurrar. O dispositivo é capaz de detetar obstáculos e leva o utilizadore por caminhos seguros.
"Simplesmente anda-se e as rodas direcionam-no", explicou Miller à AFP, enquanto fazia uma demonstração do dispositivo. "Posso dizer-lhe para onde ir, mas resistirá ao choque com qualquer coisa", acrescentou.
A empresa, que tem sede em Seattle, planeia lançar uma versão beta do Glide no final deste ano e torná-lo acessível como smartphone.
Também foram apresentados na CES os óculos para cegos da Lumen, dotados de uma tecnologia que permite aos utilizadores saber por onde é seguro caminhar.
Foram exibidos, ainda, óculos com armações que faziam de auscultadores, além de óculos que compensam deficiências visuais ou combatem a dislexia.
A israelita Orcam trouxe scanners portáteis que leem e traduzem textos para estudantes com dificuldades de aprendizagem ou jovens imigrantes que estão a aprender inglês. "A acessibilidade é o melhor uso da tecnologia", afirmou Avi Greengart, analista da Techsponential.
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