Roberta Wilson-Garrett olhou para a luva que mantinha a sua mão direita firme e sorriu.  Por um momento, os tremores causados pela doença de Parkinson que afetavam o seu controlo muscular tinham desaparecido, permitindo-lhe fazer coisas como escrever com clareza com uma lapiseira ou beber uma xícara de café sem derramar o líquido.

A canadiana sentiu este alívio graças ao produto apresentado pela empresa GyroGlove na feira de tecnologia CES, celebrada anualmente em Las Vegas.

"Isto muda a minha vida", disse Wilson-Garrett sobre como a GyroGlove parou os tremores musculares incontroláveis que a impediam de fazer tarefas simples como se vestir.

A GyroGear criou o estabilizador de mãos mais avançado do mundo com parceiros como o grupo tecnológico chinês Foxconn, segundo seu fundador, Faii Ong.

A chave do dispositivo é um giroscópio com um disco no seu interior que gira mais rápido que a turbina de um motor a reação, segundo Ong.

"É produzido na mesma fábrica dos MacBook Pros", explica Ong, referindo-se à Foxconn, fornecedora da Apple.

Roberta Wilson-Garrett, of Blind River, Ontario, who has Parkinson's disease, poses with her GyroGlove, made by GyroGear, which uses a gyroscope to help stabilize tremors at the Mandalay Bay resort before this weeks Consumer Electronics Show (CES) on January 8, 2024, in Las Vegas, Nevada. (Photo by Brendan Smialowski / AFP)
Roberta Wilson-Garrett, of Blind River, Ontario, who has Parkinson's disease, poses with her GyroGlove, made by GyroGear, which uses a gyroscope to help stabilize tremors at the Mandalay Bay resort before this weeks Consumer Electronics Show (CES) on January 8, 2024, in Las Vegas, Nevada. (Photo by Brendan Smialowski / AFP) créditos: AFP

Cão-guia

A GyroGear, com sede em Massachusetts, é uma das empresas presentes na CES que tentam usar a tecnologia para melhorar a vida de pessoas doentes ou portadoras de deficiência.

Startups como Glidance e gigantes como a Amazon foram algumas das empresas reunidas numa secção do hotel e casino Venetian para mostrar a tecnologia destinada a melhorar a vida destas pessoas.

O funador da Glidance, Amos Miller, que perdeu a visão precocemente, mostrou um dispositivo compacto de duas rodas chamado Glide, que é uma espécie de cão-guia para cegos.

Pode-se indicar um destino ao Glide e ele vai guiando quem o segurar ou empurrar. O dispositivo é capaz de detetar obstáculos e leva o utilizadore por caminhos seguros.

"Simplesmente anda-se e as rodas direcionam-no", explicou Miller à AFP, enquanto fazia uma demonstração do dispositivo. "Posso dizer-lhe para onde ir, mas resistirá ao choque com qualquer coisa", acrescentou.

A empresa, que tem sede em Seattle, planeia lançar uma versão beta do Glide no final deste ano e torná-lo acessível como smartphone.

Também foram apresentados na CES os óculos para cegos da Lumen, dotados de uma tecnologia que permite aos utilizadores saber por onde é seguro caminhar.

Foram exibidos, ainda, óculos com armações que faziam de auscultadores, além de óculos que compensam deficiências visuais ou combatem a dislexia.

A israelita Orcam trouxe scanners portáteis que leem e traduzem textos para estudantes com dificuldades de aprendizagem ou jovens imigrantes que estão a aprender inglês. "A acessibilidade é o melhor uso da tecnologia", afirmou Avi Greengart, analista da Techsponential.