Em comunicado, o instituto da Universidade do Porto esclarece hoje que a investigação, publicada na revista Disease Models & Mechanims, introduziu na mosca da fruta um "gene humano envolvido no cancro da mama" e identificou as "moléculas chave" responsáveis pela progressão de lesões benignas para malignas.
Apesar de alguns tumores benignos nunca se tornarem malignos, outros podem transformar-se em células cancerígenas, crescendo e espalhando-se para outras partes do corpo.
"Todas as mulheres diagnosticadas com lesões da mama não cancerígenas recebem tratamento farmacológico com fortes efeitos secundários, porque atualmente os médicos não conseguem prever que tumores não cancerígenos irão ou não progredir para uma doença maligna", destaca o i3S.
Segundo o instituto, existe "uma clara necessidade de definir novos testes capazes de identificar as mulheres que irão beneficiar do tratamento e excluir as que não necessitam de passar por tratamentos desnecessários e nocivos".
Foi com esse propósito que os investigadores criaram uma "mosca avatar" que contém um gene humano que codifica a P-caderina, molécula que está presente em grande quantidade em células não cancerígenas e células de cancro da mama.
Citada no comunicado, a investigadora Florence Janody esclarece que o uso de moscas avatares para descobrir como se desenvolve o cancro "tem a grande vantagem de ser mais barato e mais rápido do que fazer experiências similares em células humanas".
Na investigação, a equipa demonstrou que as células da mosca humanizada com a P-caderina se comportaram de forma semelhante às células da mama que sofrem o desenvolvimento de cancro e identificaram ainda que duas moléculas - MRTF-A e SRF - quando ativadas pela P-caderina convertem células não cancerígenas em células de cancro.
"Concluímos que a presença de grandes quantidades da molécula P-caderina em células não cancerígenas da mama leva à sua progressão para células de cancro através da estimulação das moléculas MRTF-A e SRF", acrescenta Florence Janody.
Também citada no comunicado, a primeira autora do estudo, Lídia Faria, destaca que a descoberta é "igualmente crucial ao nível da intervenção precoce", uma vez que, ao identificar as moléculas que impulsionam a progressão do cancro, permite "agir atempadamente e prevenir a progressão".
"O facto da presença das moléculas P-caderina, MRTF-A e SRF em tumores da mama não cancerígenos poder prever a sua evolução para células cancerígenas permitirá desenvolver novas abordagens para identificar mais eficazmente as mulheres com lesões pré-cancerígenas que realmente irão beneficiar de intervenções terapêuticas mais invasivas", acrescenta o instituto da Universidade do Porto.
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