Em comunicado, a Ordem justifica a decisão de uma auditoria externa e independente ao processo de atribuição de idoneidade e capacidade formativa no internato médico com a “preocupação com as condições proporcionadas pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), com médicos a ficarem sem acesso a uma vaga de especialidade”.
“Perante o agravamento do desinvestimento no SNS, o preocupante desinteresse do Ministério e tendo em conta vários relatos e queixas de especialistas e de jovens médicos sobre as difíceis condições em que exercem o seu trabalho e a sua formação, a Ordem não podia esperar mais e iniciou o procedimento de concurso aberto para a contratação de uma empresa idónea e independente para realizar uma auditoria”, refere o comunicado hoje divulgado.
A auditoria deve identificar e analisar o processo de atribuição de idoneidades e capacidades formativas, bem como os “constrangimentos existentes ao nível dos hospitais e centros de saúde que possam ter impacto” na formação de médicos.
O objetivo final da auditoria é “melhorar todo o processo” de atribuição de idoneidade e capacidade formativa, “no sentido de continuar a garantir a elevada qualidade de formação e disponibilizar todas as capacidades formativas existentes nas várias unidades de saúde que assegurem internatos de qualidade inquestionável”.
A Ordem entende que não se pode permitir que a “qualidade e excelência” da formação médica em Portugal “seja colocada em risco”, seja por uma eventual quebra de qualidade, seja porque vários médicos ficam sem acesso a uma especialidade.
Numa entrevista à agência Lusa há cerca de duas semanas, o bastonário Miguel Guimarães já tinha levantado a possibilidade de ser necessária uma auditoria externa e independente, que já tinha sido aliás proposta ao Ministério da Saúde “há dois anos”.
Lembrando que há médicos que em Portugal não têm acesso à especialidade, muito porque há jovens formados noutros países que tiram a especialidade em hospitais portugueses, o bastonário indicava que seria importante fazer uma auditoria sobre todo o processo que envolve a formação dos médicos para ver onde é possível melhorar.
Este era um dos projetos que a Ordem já tinha negociado com o anterior ministro da Saúde, mas que, entretanto, não avançou, recordou ainda Miguel Guimarães na entrevista à Lusa.
A Ordem decidiu agora avançar sozinha para o processo de auditoria, através de um concurso aberto para a escolha de uma empresa que realize esta avaliação.
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