Em comunicado divulgado hoje, o SIM afirma que se reuniu com os médicos do HDS, tendo sido “descritas situações muito preocupantes que põem em risco a qualidade dos cuidados prestados e a segurança de utentes e médicos”.
“A crise existente no Serviço de Medicina Interna do HDS é antiga e já tinha motivado vários alertas ao Conselho de Administração (CA). Infelizmente, tal como antecipado, a situação agravou-se”, lê-se no comunicado.
Além da falta de médicos internistas, o sindicato aponta a escassez de assistentes hospitalares de Medicina Interna, “manifestamente insuficientes em número para permitirem a constituição diária, de acordo com as ‘leges artis’, das equipas de Serviço de Urgência (SU) bem como do necessário acompanhamento dos doentes internados no horário disponível para tal”.
Sublinhando que o serviço de Medicina Interna “não se esgota na Urgência externa e no internamento, assegurando também outras valências como sejam a consulta externa, hospital de dia e urgência interna”, o SIM afirma que as “falhas/faltas nas escalas desta última sobrecarregam ainda mais a equipa” do Serviço de Urgência (SU).
“As escalas de SU, já de si frequentemente deficitárias, são ainda agravadas pela necessidade de serem os elementos destas equipas a muitas vezes assegurarem os transportes inter-hospitalares”, acrescenta.
Por outro lado, afirma que a falta de médicos de outras especialidades nas Urgências, nomeadamente de Ortopedia, sobrecarrega ainda mais a equipa de Medicina Interna.
O sindicato acusa, ainda, o Conselho de Administração do HDS de criar “artifícios” para “se furtar a cumprir a lei e pagar horas extraordinárias”, através de “bancos de horas”, que, “por não estarem previstos na lei, desaparecem da contabilidade hospitalar”.
Para o SIM, dada “a ausência de respostas eficazes aos alertas emitidos e o agravamento mantido da situação do Serviço de Medicina Interna”, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) deve ser avisado, bem como as unidades do Serviço de Nacional de Saúde com as quais o HDS trabalha em rede, “para mitigar a sobrecarga com que a equipa de Medicina lida quase permanentemente”.
O HDS anunciou hoje que tem abertas candidaturas para 10 vagas carenciadas para médicos (com bonificação salarial) nas especialidades de anestesiologia, dermatovenereologia, gastrenterologia, medicina interna, pneumologia, psiquiatria e psiquiatria da infância e da adolescência.
A carência de profissionais no HDS, sobretudo de médicos de Medicina Interna, de Ortopedia e de Anestesiologia, entre outros, bem como de médicos de família na região, levou a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) a pedir, em 2022, uma reunião com o ministro da Saúde.
Manuel Pizarro esteve reunido com os autarcas no passado dia 07 de março, tendo ficado agendado novo encontro para o próximo dia 15, no qual o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), disse esperar que sejam apresentadas “soluções em concreto”.
Ricardo Gonçalves declarou, na altura, que esperava ouvir o ministro da Saúde dizer, “por exemplo, quando é que arranja médicos anestesistas”, já que o Hospital Distrital de Santarém “devia ter 20 e tem oito”, na Medicina Interna tem 19 médicos e devia ter 40 e, em Ortopedia, devia ter 14 e tem cinco, havendo falta de profissionais em várias outras especialidades.
“Não nos disse quando é que arranjará esses médicos. Há problemas graves. Se faltarem anestesistas se calhar 30 a 40% das operações são adiadas e a população sofre com isto”, declarou.
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