De acordo com um estudo científico publicado pela revista Lancet, a pandemia fez aumentar os casos de depressão e ansiedade nos idosos. Esta população está entre as mais afetadas pelas mudanças de comportamento dos últimos tempos. As conclusões apresentadas têm como base indicadores de 204 países.
A geriatria, a chamada "medicina dos idosos", assume uma importância cada vez maior. O isolamento social reduz a mobilidade dos mais velhos e, nesta faixa etária, não sair de casa significa atrofia muscular, dor, angústia. De acordo com a médica e geriatra Diana Tomaz, a dor (sintoma físico) e a depressão (associada a doença psicológica) são duas das queixas mais frequentes em consultas de geriatria.
Segundo a especialista, estes sintomas estão inter-relacionados: "A geriatria envolve uma avaliação global do idoso, de forma a assegurar uma recuperação funcional e uma melhor qualidade de vida. É necessário avaliar e quantificar as perdas – memória, mobilidade, etc. As perdas no idoso têm um impacto muito grande quando não agimos rapidamente", esclarece a médica.
Assim sendo, a questão que se coloca é: quantos idosos são acompanhados em geriatria? Em Portugal, a consulta de geriatria é ainda pouco comum.
Diana Tomaz justifica: "Ao contrário do que acontece em outros países como Espanha ou Reino Unido, a geriatria não é uma especialidade em Portugal. É uma subespecialidade de uma especialidade como a Medicina Interna. Em Portugal, não existem hospitais geriátricos como no Reino Unido".
Com mestrado em Geriatria pela Universidade de Coimbra, a médica Diana Tomaz estudou e praticou esta especialidade no Reino Unido, como forma de obter experiência no tratamento de idosos.
"Tratar um idoso não é a mesma coisa que tratar um adulto de 45 anos. Os órgãos de ambos não funcionam da mesma maneira. Da mesma forma que existem pediatras, os geriatras também têm um papel relevante e específico", explica.
A verdade é que a consulta de geriatria ainda é pouco frequente. "Os idosos estão muito esquecidos. Não podemos esquecer os idosos na fase em que mais precisam de atenção. No final da vida, não podemos ser reduzidos a ‘velhos’. É fundamental melhorar a qualidade de vida dos idosos. E esse é o grande objetivo e desafio da geriatria", conclui.
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