A forma como os pais estão à mesa influencia o comportamento dos filhos na hora da refeição. "As crianças e os pais estão em sintonia emocional. As crianças leem muito as pistas dos pais para perceberem se o contexto é tranquilo e seguro. Se temos pais stressados à hora de ir comer, se calhar não vai correr bem", adverte Inês Afonso Marques, psicóloga clínica e psicoterapeuta na Oficina de Psicologia e convidada do quarto episódio do Podcast "O importante é ter saúde" do SAPO Lifestyle.
"A forma como os pais abordam o momento da refeição tem influência no momento da refeição e na forma como a alimentação decorre", frisa a especialista.
"Os pais devem desfrutar o momento, estar relaxados, e ver as refeições como um espaço de partilha de afetos e memórias. Tudo isso ajuda a retirar o carácter mais pesado que gera ali alguma confusão no momento da refeição", explica Inês Afonso Marques.
Joana Martins, médica pediatra, convidada residente do programa e mãe de duas crianças, admite que o momento da refeição pode, por vezes, ser menos pacífico. "Os meus filhos têm toda uma agenda social para cumprir no momento em que é suposto comer. Respiro fundo e preparo-me para estar o mais relaxada possível para lhes dizer: 'se quiserem - quando quiserem - venham para a mesa meus amores'", diz, em tom de brincadeira.
Mas nem sempre é assim: "Por vezes ainda tenho aquela postura do 'já para a mesa', 'despachem-se'", reconhece Joana Martins no Podcast conduzido pelo jornalista Nuno de Noronha.
"Recorrer à brincadeira, chamá-los com voz de desenho animado ou fazer um bocado de teatro podem ser boas estratégias. Eles aderem muito mais facilmente, porque querem colaborar", exemplifica a psicóloga clínica Inês Afonso Marques que refere que "prepará-los para o que vai acontecer a seguir também facilita a adesão".
Para esta especialista, é bom que existam algumas regras, limites e partilha de expectativas entre pais e filhos em relação às refeições. "Facilita qualquer relação e aqui também não é exceção", refere.
"Quando essas expectativas transformadas em regras são partilhadas desde cedo, obviamente que isso facilita. Tornar explícito aquilo que nós, pais, queremos deles de forma concreta é realmente importante", acrescenta.
Segundo a pediatra Joana Martins, até aos 12 meses, os bebés são "devoradores de comida" e não tendem a rejeitar alimentos à hora das refeições. No entanto, a partir do primeiro ano de vida, o cenário muda.
"A hora da refeição é um palco em que o bebé tem toda a gente a observá-lo. A refeição é o palco onde ele vai negociar se quer comer ou não e expressar a sua vontade", afirma a médica.
"Do ponto de vista da pediatria, não se deve forçar a criança a comer. Isso é ponto assente", adianta Joana Martins, posição partilhada com a psicoterapeuta Inês Afonso Marques.
O jornalista Nuno de Noronha falou ainda com as convidadas sobre seletividade alimentar, anorexia fisiológica, autonomia alimentar e mitos sobre a alimentação, e convidou as especialistas a traçarem algumas dicas para facilitar os momentos da refeição.
O quarto episódio do Podcast "O importante é ter saúde" do SAPO Lifestyle, sobre "Birras à mesa", pode ser ouvido no Spotify.
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