Em declarações hoje à agência Lusa, o mentor da iniciativa 3DMask Portugal (https://3dmask-portugal.eu/), Rúben Borges, disse que, num mês, passaram a fabricar milhares de viseiras por semana, em impressoras 3D, só com trabalho de voluntários.
“De meia dúzia de viseiras por dia chegamos aos milhares por semana no espaço de um mês. Nós fizemos uma série de melhorias para otimizar o tempo [de produção]. Acabámos por conseguir arranjar um modelo que demorava menos uns minutos [a fazer] e isto, associado a ter de multiplicar por 100 o número de máquinas, subiu imenso a nossa produção”, referiu.
De acordo com o responsável, as impressoras 3D demoravam cerca de quatro horas a produzir uma viseira, mas, agora, após a injeção de moldes, têm sido produzidas milhares por dia.
“São milhares por dia. Quase não há limite”, reiterou.
Com cerca de 300 voluntários, o 3DMask Portugal nasceu em 19 de março, por um grupo de seis pessoas de Lisboa, aquando do decreto do estado de emergência.
“Neste momento, temos cerca de 300 voluntários registados e devemos ter cerca de 100 pessoas a imprimir em 3D. Os outros voluntários fazem mais trabalho de distribuição, de logística, fazem entregas, fazem recolhas e arranjam material em falta”, salientou.
No início, o projeto estava apenas direcionado aos profissionais de saúde nos hospitais em Lisboa.
“Estamos a focar-nos mais em otimizar a distribuição pelo país. Inicialmente, era só em Lisboa que estávamos a fazer, mas agora temos pedidos do país todo”, referiu Rúben Borges, acrescentando que estão a ser distribuídas viseiras por centros de saúde, lares, casas de saúde, bombeiros e policias.
Sem revelar quaisquer interesses por detrás do projeto, responsável explicou que, quando a iniciativa surgiu, era o grupo que suportava os custos de produção das viseiras faciais, mas que agora têm recebido ofertas de multinacionais, como uma fabricante de automóveis, que está a facultar filamento — a matéria-prima para a produção dos materiais.
“Até produzirmos 200 e tal, foi com dinheiro do nosso bolso. Os ‘makers’ [fabricantes, em tradução livre] ofereciam o filamento. Na altura, ofereci a parte das viseiras. Comprei um lote de plástico transparente e mandei cortar a laser numa fábrica”, contou.
Segundo Rúben Borges, o 3DMask Portugal começou a receber donativos quando começou a ganhar visibilidade, passando a ter o apoio de “imensas empresas e grupos”.
À Lusa, o mentor do projeto ressalvou que já foram entregues 6.700 viseiras desde o dia 19 de março, prevendo produzir 12 mil até ao fim da semana.
“Nós já entregamos 6.700 viseiras. Temos mais umas mil à espera de distribuição. De momento, temos 4000 prontas a sair e, eventualmente, no final desta semana, se tudo correr bem, vamos conseguir produzir um total de 12 mil”, sublinhou.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 567 mortos, mais 32 do que na segunda-feira (+6,%), e 17.448 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 514 (+3%).
Dos infetados, 1.227 estão internados, 218 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 347 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde 19 de março e até ao final do dia 17 de abril.
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