Na tradição gastronómica portuguesa o peixe assume um papel de destaque e de extrema importância. Em termos nutricionais, o pescado é rico em proteínas de alto valor biológico e fonte de lípidos (ou gorduras), mais especificamente ácidos gordos essenciais ómega-3.
Fornece ainda quantidades consideráveis de vitaminas, como as vitaminas A e D, e minerais como o potássio, fósforo, iodo e selénio. Estudos realizados nos últimos 30 anos, associam o consumo de peixe a um melhor funcionamento do sistema cardiovascular e à proteção contra doenças cardíacas e vasculares.
Segundo a pirâmide da dieta mediterrânica, o pescado encontra-se no patamar dos alimentos que devem ser consumidos semanalmente. Este guia alimentar sugere o consumo de duas ou mais porções de peixe/pescado por semana.
No entanto, a presença de possíveis contaminantes no pescado preocupa os consumidores. Os contaminantes que oferecem uma maior preocupação são o metilmercúrio, as dioxinas e os bifenilpoliclorados (PCB’s). O mercúrio em particular surge no ambiente como resultado de processos de origem natural (p.ex: emissões vulcânicas) ou da atividade humana (p.ex: pesticidas, termómetros, baterias, etc.).
Efeitos positivos superam os riscos?
De acordo com o comité científico da EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar) e tendo em conta as revisões sobre o tema, os efeitos positivos do consumo de pescado (nomeadamente a prevenção de doenças cardiovasculares nos adultos e o papel essencial no desenvolvimento neurológico do feto e das crianças) superam os potenciais riscos.
Os peixes mais ricos em mercúrio, tais como o tubarão, o bagre, o pintado, a anchova vermelha e o peixe-batata não são habitualmente consumidos pela população portuguesa. Podemos assim dizer que, pelos dados que dispomos atualmente, os benefícios da ingestão de peixe são superiores aos possíveis riscos.
No entanto a EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar) recomenda que o grupo considerado mais vulnerável (grávidas, mulheres a amamentar e crianças) escolha o peixe de uma ampla gama de espécies, variando o tipo de peixe escolhido e sem dar preferência ao consumo de peixe de grande dimensão.
Devemos assim consumir de preferência, peixe de porte médio, de origem nacional e de zonas não profundas, como o carapau, sardinha, besugo e a pescada. Isto porque os peixes de águas quentes e que habitam em zonas mais profundas tendem a conter concentrações mais elevadas de mercúrio e outros contaminantes.
As Nações Unidas lembram que cerca de 80% da poluição existente nos oceanos provém da poluição humana. O lixo plástico é um desses exemplos, e quando não é tratado corretamente, acaba por chegar ao oceano, o que provoca consequências ecológicas irreversíveis nas espécies marinhas. Este lixo degrada-se ao longo do tempo e contamina os vários níveis das cadeias alimentares com micropartículas.
De acordo com previsões de organizações ambientalistas para 2050, o nosso mundo poderá nessa altura, na ausência de medidas concretas, ter mais plástico do que peixes nos oceanos.
Proteger o oceano não é apenas um trabalho político, todos devemos agir. Utilizar um saco reutilizável para as suas compras, deixar de utilizar palhinhas de plástico, consumir pescado sazonal, local e sustentável, são exemplos de ações que podem ajudar a fazer a diferença.
Uma opção mais limpa
Numa alimentação diária convencional, a presença de compostos tóxicos nos alimentos em geral é de facto um motivo de preocupação. Por isso, na última década, o consumo de alimentos biológicos tem aumentado de modo constante. Existe atualmente uma maior consciência do impacto que esta produção tem, ao nível da saúde e ao nível ambiental.
A produção biológica respeita a biodiversidade dos ecossistemas e fornece uma opção mais limpa, que contribui para a proteção do ambiente e para o seu bem-estar.
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