Ana Rita Santos adianta que o intestino e o cérebro andam de mãos dadas: "Chamamos de eixo intestino-cérebro por um motivo, sabemos que a microbiota está relacionada com a produção de serotonina, a chamada hormona da felicidade, por isso um déficit nessa produção por estar relacionado com estados de ansiedade e depressão". Assim e perante esta ligação entre o intestino e o cérebro, ter uma flora intestinal saudável é o melhor ponto de partida para ter um bom estado de espírito e, para isso, o primeiro passo é estabelecer uma alimentação equilibrada e saudável.
Alimentação Vs Estados de espírito
A relação entre comida e a boa disposição é como um peixe que morde a própria cauda, comenta a nutricionista Ana Rita Santos. "Uma alimentação adequada pode influenciar o nosso humor, mas também nos influencia na escolha dos alimentos". É comum que quando estamos mais tristes, stressados e cansados, preferimos pizza, doces ou snacks nada saudáveis, mas quando nos sentimos ativos, contentes ou felizes, escolhemos alimentos mais saudáveis, como frutas ou frutos secos. Sobre esta tendência a Coach Pilar Morales clarifica: "O primeiro critério de escolha sobre o que comer devia ser a saúde, só depois disso, e nunca esquecendo esse critério, o prazer".
"Uma alimentação saudável e variada pode ajudar a prevenir doenças como depressão ou ansiedade, melhorar o humor e a qualidade do sono", afirma Ana Rita Santos. De facto, está cientificamente comprovado que a alimentação é essencial para aumentar ou diminuir a secreção de certos neurotransmissores envolvidos no prazer e no bem-estar.
A importância de escolher bem
Então, que alimentos devemos escolher para ter bom humor? A Nutricionista sugere os mais interessantes:
- Frutas e legumes de todas as cores. Foi demonstrado que estes alimentos aumentam o estado de bem-estar graças aos seus nutrientes. Por exemplo, os antioxidantes presentes nas frutas vermelhas ajudam a controlar os sintomas de ansiedade e depressão.
- Peixe gordo e frutos secos. São ricos em ómega-3, ou seja, gorduras saudáveis, ajudando no controlo da ansiedade.
- Marisco. São alimentos ricos em vitamina B12 que contribuem para melhorar a função cognitiva.
- Iogurte ou kefir. Ajudam a ter uma microbiota saudável.
- Alimentos integrais. Por conterem vitaminas do grupo B.
- Chocolate preto (mínimo 70%). Pode ajudar a controlar os níveis de endorfina, melhorando o humor, mas não deve ser abusado.
Pelo contrário, existem alimentos que é melhor evitar ou controlar a ingestão. "Alimentos ricos em açúcar e gordura podem alterar o nosso relógio biológico, impedindo uma boa qualidade de sono", explica Ana Rita Santos.
Diga sim à alimentação consciente
Apesar de terem as ferramentas e informações, ambas as profissionais detetam certos erros na hora de comer que, consequentemente, afetam o nosso estado de espírito. "Deixar-se levar por desejos de forma recorrente; não seguir o relógio biológico; comer à noite e muito tarde; não comer frutas ou vegetais suficientes diariamente; abusar de junk food ou comida pré-cozinhada", são alguns dos principais erros apontados pela nutricionista. Por seu lado, Pilar Morales explica que um dos erros mais comuns é comer de forma inconsciente: "Quando comemos sem prestar atenção, em 'piloto automático', corremos o risco de nos deixarmos levar pela impulsividade, comendo quando não precisamos e muito mais do que precisamos". Perante essa situação, Pilar Morales propõe apostar na alimentação consciente e dá uma dica prática: "Aos nossos pacientes sugerimos que, antes de se começar a comer, respirem 10 vezes de forma consciente. Isso significa inspirar e expirar contando de 1 a 10 e depois começar a comer". Com este exercício, a ansiedade e a impulsividade são reduzidas e comemos a um ritmo mais lento.
Este simples exemplo mostra a importância do acompanhamento e apoio emocional, aliados à motivação, para o estabelecimento de bons hábitos alimentares. Nesse sentido, a coach comenta: "Muitas vezes, as pessoas com problemas de peso comem por necessidades emocionais e devem ser ensinadas a gerir esse tipo de situações. Na PronoKal, por exemplo, trabalhamos a dimensão emocional em duas direções. Por um lado, ajudamos as pessoas a ganharem motivação. Por outro lado, trabalhamos com elas no programa MRC (Mudança na Relação com a Comida) em que, através do treino de uma alimentação consciente, a pessoa descobre o que é fome emocional, como identificá-la e como geri-la".
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