Esta planta apresenta naturalmente um sabor salgado, característica que se deve ao facto de necessitar de locais com alto teor de sódio para se desenvolver, sendo, por isso, uma planta halófita. Trata-se de uma planta com folhas extremamente reduzidas e uma inflorescência terminal em forma de espigão. Produz caules suculentos de cerca de 40 cm e com sabor salgado. Pela presença dos seus caules carnudos, também poderá ser denominada por espargo do mar.
O sabor salgado nos seus caules é ocasionado pela absorção direta do sal do mar/solo onde se desenvolve. O armazenamento do sal ocorre numa glândula especializada nas células da planta.
A salicórnia pode ser utilizada como substituto do sal de cozinha nas preparações culinárias, uma vez que apresenta menores quantidades de sódio (aproximadamente 1 176 mg/100 g vs. 38 758 mg/100 g).
O sódio é um dos minerais constituintes do sal (cloreto de sódio), o qual em excesso é responsável por despoletar um conjunto de doenças do foro cerebrovascular. Este fator é de extrema importância, dado que se tem verificado o consumo abusivo de sal, nos últimos anos, em Portugal, e este é considerado um importante fator de risco para o aumento da pressão arterial da população e, consequentemente, para o aumento do risco de doenças cardiovasculares (DCV). Sendo que as DCV são um dos principais grupos de doenças crónicas não transmissíveis que mais contribui para a mortalidade.
As recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam para uma ingestão diária de 5 g de sal. Contudo, a população portuguesa consome cerca de 7,3 g de sal, em média por dia, de acordo com os dados do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF) (2017).
A salicórnia, apesar de ter uma menor quantidade de sódio do que o sal, também é uma fonte de sódio na alimentação diária. Por isso, o seu uso deverá ser moderado e parcimonioso, principalmente nos casos de controlo dos níveis de sódio (p. ex.: hipertensos).
Além da sua vantagem ao nível da redução do teor de sódio na culinária e também como potencial substituto de aditivos isentos de sódio, a salicórnia parece apresentar benefícios adicionais devido ao seu teor em compostos bioativos (p. ex.: esteróis, ácidos hidroxicinâmicos), ácidos gordos polinsaturados, fibra e minerais (p. ex.: ferro, potássio).
Apesar das inúmeras mais-valias apresentadas, é de ressalvar que a quantidade consumida desta planta é reduzida, pelo que os benefícios associados ao seu consumo podem não apresentar uma expressão significativa.
Contudo, os alimentos devem ser vistos como um todo e num contexto de uma alimentação completa, equilibrada e variável, pois só assim é possível obter todas as vantagens de uma alimentação saudável e sustentável.
Um artigo da nutricionista Joana Ribeiro, Assessora Técnica da Associação Portuguesa de Nutrição.
Comentários