Inicialmente associava-se as possíveis alterações dos ciclos menstruais ao stress e à ansiedade que algumas mulheres pode sentir face à evolução da pandemia.

O atual contexto em que vivemos tem implicações na vida social, psicológica e pessoal da mulher. Por outro lado, o stress e a ansiedade fazem aumentar o cortisol e a adrenalina, alterando os ciclos menstruais. 

À medida que fomos avançando nesta pandemia, foi-se verificando que algumas mulheres têm descrito alterações da sua menstruação após a administração da vacina.  Algumas mulheres descrevem ciclos menstruais mais curtos, mais intensos e dolorosos.

Há também descritos alguns episódios de hemorragia nas mulheres pós-menopausa após vacinação.

Também surgiram surpreendentemente relatos de aumento de volume mamário.

Pode ser possível que as mulheres após uma infeção COVID-19 ou após a vacinação sejam mais susceptíveis de notar alterações ou atribuir mudanças, principalmente depois de ouvir sobre as experiências de outras mulheres.

Uma das explicações plausíveis é o facto da ativação do sistema imunológico promover o funcionamento das células endometriais e cursar com uma hemorragia genital. Mas longe de parecer que haja alguma ligação à possibilidade de abortamento, não descrito nas mulheres vacinadas que desconheciam a possibilidade de já estarem grávidas.

Além disso, há evidências, em outras vacinas como a vacina da gripe ou a do HPV, de que podem afetar o ciclo menstrual temporariamente, mas não há efeitos colaterais a longo prazo.

O possível aumento mamário poderá estará relacionado com o aumento frequente dos gânglios linfáticos axilares descritos na vacinação e que dá uma falsa perspetiva de aumento mamário.

É por isso é importante desmitificar as últimas fake news e constante desinformação nas redes sociais à volta de tais sintomas ou até mesmo de infertilidade associada à tão importante vacinação.

É nosso papel dar tranquilidade às mulheres, alertando sobre estes possíveis sintomas leves e temporários que podem ocorrer após a vacinação, evitando medos e exames desnecessários.

Os estudos prosseguem para analisar em pormenor essas alterações.

Até ao momento parecem estar relacionadas com a vacinação. A serem efeitos da vacina (ainda não provados) são de curto-prazo e com pouca ou nenhuma repercussão.

Aa explicações são de Irina Ramilo, ginecologista do Hospital Lusíadas Lisboa e responsável pelo projeto @aginecologistadamelhoramiga.