A osteoporose (OP) é uma doença sistémica silenciosa que só se torna sintomática quando ocorre a primeira fratura. Atualmente, a OP e as fraturas osteoporóticas que lhe são consequentes constituem um importante problema de saúde pública com mais de 200 milhões de pessoas que sofrem desta doença a nível mundial. A OP é a causa de aproximadamente 2 milhões de fraturas por ano, e dentre destas as mais frequentes são as fraturas da anca, coluna e punho. O envelhecimento da população aliado a estilos de vida pouco saudáveis (tabagismo, etilismo, sedentarismo), fundamentam as estimativas de que a dimensão deste problema tenderá a aumentar exponencialmente nos próximos anos.
Num trabalho publicado em 2018, baseado nos dados do estudo epidemiológico EpiReumaPt, a prevalência de fraturas osteoporóticas reportadas foi de 20.7% e a de OP foi de 49.5%, em mulheres portuguesas com idade igual ou superior a 65 anos2. As admissões hospitalares e os custos associados a fraturas osteoporóticas são já comparáveis ao de patologias de grande impacto, como o enfarte agudo do miocárdio, as doenças hepáticas e a doença pulmonar obstrutiva crónica.
O risco individual para vir a ter uma fratura osteoporótica ao longo da vida, a partir dos 50 anos de idade, é de uma fratura em cada duas mulheres e de uma fratura em cada cinco homens. De facto, as mulheres pós-menopáusicas têm um elevado risco para fraturas osteoporóticas devido à perda abrupta de estrogénios na menopausa, o que leva à perda de massa óssea e à deterioração da microarquitetura. A história de uma fratura prévia é um importante fator de risco para nova fratura, independentemente da localização da primeira fratura osteoporótica pelo que se torna urgente diagnosticar e iniciar terapêutica precocemente.
Por outro lado, reconhecendo a OP como um problema de saúde pública, com elevado impacto na saúde individual (dor, incapacidade funcional, perda de qualidade de vida), na sociedade e na economia, a sua prevenção é vital. Existe evidência de que na gravidez, a alimentação materna é um importante determinante do desenvolvimento músculoesquelético com repercussão na densidade mineral óssea na infância e mais tarde na idade adulta.
A vitamina D tem sido o componente alimentar mais fortemente associado à aquisição da massa óssea durante a vida intrauterina. A promoção de estilos de vida saudáveis (atividade física, alimentação equilibrada, evicção do tabagismo, etc) tem um papel fundamental para que se tenha ossos saudáveis.
O consumo crónico excessivo de álcool, principalmente durante a adolescência e na idade adulta, pode comprometer a qualidade óssea e aumentar o risco de OP. Ao longo da vida, existem diferentes necessidades nutricionais de acordo com a idade. Nos idosos, uma dieta equilibrada, rica em cálcio e vitamina D, desempenha um papel crucial na preservação da função neuromuscular, importante determinante do risco de queda e fratura, para além da importância na redução da velocidade de perda de massa óssea.
A deficiência de vitamina D é um problema comum a vários países no mundo pelo que é importante proceder à suplementação desta vitamina. A pigmentação da pele, a idade avançada e a aplicação tópica de protetores solares ou cremes diários que possuem índices de proteção solar reduzem a produção cutânea de colecalciferol (vitamina D). Atividade física de impacto durante a adolescência é um preditivo positivo do pico de massa óssea nos homens e nas mulheres. Imobilização e diminuição da atividade física são importantes preditores de perda de massa óssea e fraturas.
Ao longo dos últimos anos, vários estudos demonstraram que níveis moderados a elevados de exercício físico de impacto em mulheres, reduz o risco de fratura da anca e vertebral.
Uma baixa atividade física pode predispor para o aumento de quedas e fraqueza muscular. Previna a Osteoporose e as fraturas osteoporóticas, começando desde já a cuidar dos seus ossos.
Um artigo da médica Anabela Barcelos, especialista em Reumatologia.
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