Caracteriza-se por uma alteração funcional da bexiga, que origina contrações descontroladas do músculo responsável pelo esvaziamento deste órgão que em vez de se manter em repouso até a bexiga se encher de urina, contrai-se quando a bexiga ainda está a encher. Muitas vezes silenciada por vergonha, a bexiga hiperativa, que afeta homens, mulheres e crianças de todas as idades, representa um dos problemas de saúde mais comuns em todo o mundo.

Como a incidência dos sintomas aumenta com a idade, apenas 10% das pessoas que sofrem de bexiga hiperativa procuram um médico, estando a patologia subdiagnosticada. As mulheres são, por norma, mais afetadas pelos homens. Muitas chegam a ter que ir à casa de banho mais de uma dezena de vezes por dia. Fique a conhecer agora os principais sintomas que surgem associados a esta doença e procure aconselhamento médico atempadamente:

- Maior frequência de micções

Este sintoma corresponde a um aumento anormal do número de micções por dia dia. O número é variável mas, quando ocorre uma diminuição marcada do intervalo entre as micções, essa alteração é patológica. Normalmente, a necessidade de urinar ultrapassa, em média, as oito vezes diárias. "Os sinais são, muitas vezes, confundidos com os da infeção urinária, mas é importante perceber que são situações diferentes", explica Vítor Hugo Nogueira, urologista.

- Forte e súbito desejo de urinar

Caracteriza-se por uma vontade súbita de urinar, difícil de controlar e de adiar, implicando uma urgência que gera, muitas vezes, ansiedade e stresse. É um sintoma frequente nos homens mas também em mulheres. O paciente tem dificuldade em chegar a um local onde possa urinar, com uma sensação de perda iminente de urina. "A existência de uma vontade repentina de urinar, que é difícil ou impossível de controlar, é a manifestação chave", refere o especialista.

- Incontinência com imperiosidade

Assemelha-se ao sintoma anterior mas, neste caso, o impacto é de maior intensidade. Aqui, a pessoa sente desejo súbito e intenso de urinar, e caso não o faça de imediato, pode perder urina na roupa. "A prevalência é maior nas mulheres e deve-se, sobretudo, ao traumatismo obstétrico", esclarece. A doença pode ser tratada com recurso a medicação ou cirurgia, mas nenhum método é 100% eficaz. "O efeito não dura sempre", sublinha  Vítor Hugo Nogueira.

- Noctúria

Os indivíduos com bexiga hiperativa tendem a manifestar, também, uma frequência anormal de micções durante a noite, a noctúria, como lhe chamam os médicos. A sua prevalência aumenta com a idade e chega a atingir 90% dos homens com mais de 50 anos. A noctúria é um dos sintomas mais incómodos para os pacientes com bexiga hiperativa e, frequentemente, confundido com outras queixas neurológicas e urinárias, que devem ser logo excluídas.

Para além do mais, esta é também a principal causa da morte por quedas noturnas na população idosa e tem um impacto significativo sobre a qualidade de vida e a saúde geral, que acaba por sofrer uma diminuição considerável. Esta conclusão deve-se a vários estudos, nacionais e internacionais, que associam habitualmente a noctúria a um risco aumentado de quedas e interrupções do sono que podem levar a uma série de outros problemas.

Entre os mais comuns, incluem-se uma sonolência excessiva, uma diminuição do desempenho cognitivo e profissional, tonturas e depressão. Inúmeros estudos científicos internacionais, desenvolvidos ao longo das últimas décadas, chegaram a conclusões que permitem perceber melhor a dimensão do problema:

- O portador de bexiga hiperativa chega a ir à casa de banho a cada 20 minutos.

- Estima-se que entre 15% e 30% das pessoas com mais de 60 anos sofram de incontinência urinária.

- Um estudo que avaliou mais de 1.000 homens, metade deles com bexiga hiperativa, concluiu existirem mais casos de atividade sexual reduzida entre aqueles que apresentavam sintomas urinários.

- Nas crianças, a causa mais comum é um defeito congénito da medula espinhal como, por exemplo, a espinha bífida ou a mielomeningocele, protrusão da medula espinhal através das vértebras.

- Acredita-se que a bexiga hiperativa seja transmitida hereditariamente.

- Estima-se que a prevalência da bexiga hiperativa na população adulta nos Estados Unidos da América seja de 16,9% entre mulheres e 16% entre homens, o equivalente a cerca de 34 milhões de americanos.