A culinária, o artesanato e mesmo algumas expressões da cultura simbólica de comunidades asiáticas e africanas são tributárias de um género de planta tropical com mais de 700 espécies catalogadas. O Pandano, ou Pandanus, pertencente à família Pandanaceae, tem tanto de versatilidade como na estranheza que nos causa, em particular o seu fruto. Deste e também do tronco e das folhas, tiram as populações múltiplos usos.
Ao observador, o Pandano é facilmente identificável. Conta com folhas longas e estreitas, dispostas em espirais ao redor de um tronco lenhoso e muitas vezes ramificado. Não raro, as folhas de algumas espécies podem atingir vários metros de comprimento, o que lhes confere um aspeto dramático e ornamental. Na sua base, o Pandano apresenta raízes aéreas. Estas permitem à planta ancorar-se em solos arenosos ou pantanosos, características comuns em regiões costeiras.
É nos frutos que o Pandano exibe a sua maior excentricidade. Muitas das espécies desta planta apresentam frutos de grande dimensão e segmentados. O fausto das cores, a raiar os laranjas e vermelhos, cria um impactante efeito cénico. Nem todas as espécies produzem frutos comestíveis, algumas variedades, como o Pandanus tectorius, ostentam frutos que integram a alimentação de comunidades locais ou utilizados em cerimónias de carácter cultural.
Na cozinha
Um dos aspetos mais relevantes do pandano é a utilização das suas folhas na culinária. A espécie Pandanus amaryllifolius é amplamente utilizada no sudeste asiático. Naquele território as folhas desta espécie de pandano são valorizadas dado o seu aroma adocicado e levemente semelhante ao da baunilha. O pandan, como é conhecido localmente, é usado para aromatizar uma variedade de pratos, como arroz, sopas e doces. Acresce que o extrato das suas folhas é utilizado para dar cor e sabor a sobremesas tradicionais, como o kue da Indonésia e kueh da Malásia ou o Khanom Chan da Tailândia. Algumas populações usam as folhas de pandano para envolver alimentos, infundindo-os com o sabor delicado durante o processo de cozimento.
Também no artesanato
Como referido, a utilização das folhas do pandano transcende a dimensão culinária. Nas ilhas do Pacífico, assim como noutras regiões tropicais, as folhas são colhidas, secas e trançadas para a produção de diversos artigos artesanais. Chapéus, esteiras, cestos e sacolas feitos de folhas de pandano são comuns em muitos países tropicais, não apenas pela abundância do material, mas também pela sua durabilidade. A arte de tecer pandano é transmitida de geração em geração, representando um importante aspeto cultural em muitas comunidades.
Além disso, as fibras das folhas podem ser tingidas e usadas para criar padrões intrincados em objetos decorativos e de uso diário, que muitas vezes são comercializados em mercados locais e, mais recentemente, exportados para outros países como itens artesanais.
Na medicina
O Pandano também possui um valor que transcende a sua utilidade quotidiana. Na Polinésia, por exemplo, esta excêntrica planta conta com um significado simbólico em cerimónias tradicionais. Os frutos e as folhas são usados como oferendas em rituais religiosos. Em certas ilhas, as mulheres são as principais responsáveis pela colheita e tecelagem das folhas de pandano, o que cria um laço especial entre a planta e o papel feminino nas comunidades locais.
As folhas de pandano também são usadas em práticas medicinais tradicionais. Culturas há em que as folhas são fervidas em água para criar infusões. Creem as populações que estas beberagens apresentam propriedades curativas, ajudando a aliviar dores de cabeça, febres e outros males comuns.
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