Diabetes gestacional define-se como qualquer grau de intolerância aos hidratos de carbono diagnosticado ou detetado pela primeira vez no decurso da gravidez, explica a Médica Ginecologista/Obstetra da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal Lisa Vicente.
«Na gravidez, o aumento de peso e uma maior resistência à insulina levam a um aumento da necessidade da produção de insulina», refere Lisa Vicente, acrescentando: «Quando o pâncreas se torna incapaz de continuar a aumentar a sua produção de insulina em resposta às necessidades da gravidez, surge a diabetes gestacional». Neste sentido, a gravidez funciona «como uma prova de esforço, pois o corpo está a ser testado com mais peso, um feto e uma placenta».
Em princípio, a diabetes gestacional surge durante a gravidez e desaparece quando concluída a gestação. «Contudo, 30 a 50% das mulheres com diabetes gestacional virão a desenvolver diabetes tipo 2, mais tarde na vida», alerta a também Chefe da Divisão de Saúde Sexual, Reprodutiva, Infantil e Juvenil da Direção-Geral da Saúde.
Cuidados a ter
A mulher com diabetes gestacional deve estar alertada para a importância de vigiar o peso, ter uma alimentação saudável e fazer exercício físico, controlando a sua diabetes e prevenindo o aparecimento futuro da diabetes tipo 2. É também essencial fazer análises com regularidade, bem como medir a glicemia de acordo com as orientações do médico.
Alimentação fracionada
A dieta deve ser fracionada (comer várias vezes ao dia) e «centrada no objetivo de ter valores de glicemia bem controlados», avança a especialista. «As mulheres compreendem que aquilo que comem não é igual em termos de proporções de hidratos de carbono e reaprendem a comer com provas diretas pois elas próprias testam os resultados. Esta noção de ser a própria é muito curiosa e faz com que as pessoas continuem a fazer as pesquisas da glicemia», refere Lisa Vicente.
Controlo e vigilância
O controlo e vigilância da diabetes durante a gravidez diminuem as complicações no feto e no recém-nascido, mas também na grávida, explica a Médica Ginecologista/Obstetra.
Estudos têm apontado efeitos a longo prazo, na criança e no adulto jovem, filhos de mulheres com diabetes gestacional, nomeadamente obesidade e de diabetes tipo 2.
Como é feito o diagnóstico
A glicemia em jejum é solicitada a todas as grávidas durante a primeira consulta de vigilância pré-natal. A prova deve ser feita de manhã, após um jejum de pelo menos oito horas, mas não superior a 14 horas. O exame deve ser precedido, nos três dias anteriores de uma atividade física regular e de uma dieta não restritiva, contendo uma quantidade de hidratos de carbono de pelo menos 150 g. Durante a prova a grávida deve manter-se em repouso, indicam as recomendações.
O diagnóstico de diabetes gestacional faz-se quando um ou mais valores forem iguais ou superiores aos valores de referência. Caso o resultado da designada prova de tolerância à glicose oral (PTGO) seja inferior aos valores de referência sobre a diabetes gestacional, o resultado é considerado negativo.
Texto: Ana Margarida Marques
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