Este cenário gera frustração nos pais que sentem que, façam o que fizerem, parece que arrancam todas as informações dos filhos apenas a “saca-rolhas”. E, ao mesmo tempo, que sentem que os filhos não comunicam também sentem que, muitas vezes, parecem nem sequer ouvirem os pais.
A verdade é que a comunicação entre pais e filhos é uma das alavancas mais importantes a uma relação saudável e sintónica entre pais e filhos. Mas quais são afinal os principais travões à comunicação entre pais e filhos?
Em primeiro lugar, os filhos não dão muitas informações porque normalmente não se sentem ouvidos pelos pais e têm a ideia que os pais estão sempre "noutro mundo” e não a ouvi-los a 100%, quando esta sensação se prolonga no tempo os filhos vão deixando de conversar e fecham-se na relação.
Em segundo lugar, sempre que há alguma situação que os pais querem saber acerca dos filhos, enchem os filhos de perguntas, “porque é que aconteceu?”, “porque que estás a chorar?”, “porque é que ficaste zangado?”. Tantas perguntas não só não fazem com que os filhos não respondam aos pais, como faz empolar os níveis de ansiedade dos filhos, que na verdade, muitas vezes, não tem a resposta para todas as perguntas dos pais e que, de novo, os leva a fecharem-se.
Em terceiro lugar, muitas vezes quando os pais querem que os filhos os ouçam, dão demasiadas informações ao mesmo tempo, o que acaba por gerar confusão nos filhos e, muitas vezes, fazer com que não façam nada do que foi sugerido.
Assim, comunicar com os filhos exige que os pais escutem e sintam os filhos em tempo real, para facilitar a comunicação os pais devem optar por:
1. Colocar aquilo que sentem na conversa
É essencial que os pais se liguem emocionalmente aos filhos enquanto conversam. Para isso, devem colocar aquilo que sentem e a sua necessidade por palavras, por exemplo: em vez de “hoje estás a ser aborrecido e a chatear-me demasiado”, podem optar por “hoje sinto-me cansado e, por isso, preciso que me dês algum espaço.”
2. Comunicar pela positiva
É certo que os filhos precisam de ouvir o “não”, mas também é certo que precisam de ouvir o “sim”, por isso, sempre que possível, experimente colocar aquilo que pretende que o seu filho faça pela positiva. Por exemplo: em vez de “Não te quero mais a jogar iPad”, experimente, “eu vou ficar muito feliz se me fizeres um desenho!”
3. Use expressões chave que mostram ao seu filho que o está a ouvir
O objetivo destas expressões é não interromper o raciocínio da criança, ou adolescente, mas que lhe mostremos que - com entusiasmo! - os estamos a ouvir. Experimente, enquanto ouve uma história do seu filho, usar expressões como “parece-me muito bem!”, “conta-me mais sobre isso!”, “uau”.
Assim, para que os filhos comuniquem com os pais de forma aberta e fluída, é essencial que os pais coloquem menos perguntas, mostrem aquilo que sentem e permitam que os filhos se sintam ouvidos.
Nunca nos devemos esquecer que é na consolidação da ligação emocional que a comunicação com os filhos pode sair altamente fortalecida.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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