Perder alguém estruturante para nós, é, por si só, difícil e absolutamente desestabilizador do nosso mundo interno e do nosso bem-estar. No entanto, quando essa perda se dá em épocas festivas a dor, muitas vezes, empola e torna-se mais difícil de gerir, porque são épocas tradicionalmente reservadas para todos aqueles de quem mais gostamos e, por isso mesmo, a perda faz-se sentir de uma forma mais intensa e significativa.
Assim, é essencial que, mesmo em épocas festivas, nos permitamos a viver o luto. Para que esta fase seja vivida de forma mais tranquila e reparadora, é importante:
1 - Aceitar e acolher a dor - sempre que perdemos alguém não há como não sentirmos dor, por isso, mesmo que estejamos numa época festiva, é essencial permitirmo-nos a estar tristes, permitirmo-nos a vivenciar essa dor de forma clara e aberta com tudo aquilo que cada um de nós precisar, como por exemplo, chorar, sentir injustiça ou zangar-se internamente.
2 - Permitir que os outros se cheguem até nós - a tristeza pede conforto e pede ligação aos outros para conseguir ser reparada, é essencial permitirmos que, pelo menos em alguns momentos, deixemos que os outros se cheguem até nós, nos dêem conforto, contacto físico e nos auxiliem em todo o processo.
3 - Comunicar as nossas necessidades - por muito que quem está junto a nós nos queira ajudar, nem sempre sabe como o fazer, o que precisamos ou que queremos, por isso, é essencial sermos capazes de colocar por palavras aquilo que em cada momento precisamos, seja de espaço, seja de proximidade ou simplesmente de um abraço. Só se formos capazes de nos comunicarmos, teremos o apoio que necessitamos de todos aqueles que estão à nossa volta.
Perante o luto numa época em que todos parecem estar mais unidos e mais felizes, não nos podemos esquecer que viver o luto exige sempre um lado mais triste, por vezes, mais solitário e, naturalmente, menos festivo e é importante respeitarmos sempre as necessidades que o luto nos exige, permitindo-nos a sentir e a expressar tudo aquilo que sentimos.
Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.
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