O que é a resiliência?
A resiliência é um processo dinâmico e complexo, definido como a capacidade de adaptação à adversidade, permitindo a manutenção de um normal funcionamento físico e psicológico.
O que é que não é resiliência?
Ser resiliente não significa que se viva sem adversidade ou problemas, nem que não se sinta emoções negativas. A resiliência não é um atributo estanque, imutável, que apenas alguns possuem. A resiliência pode mudar em resposta a novos desafios, oportunidades e competências emergentes, e exige intencionalidade e tempo para se desenvolver. Por fim, não significa envolver-se em projetos cada vez mais difíceis, ser estoico ou resolver tudo sozinho. Na verdade, parte de se ser resiliente passa por saber pedir ajuda.
De que forma se pode aumentar a resiliência?
- No caso dos jovens, especificamente, com intervenções comunitárias e escolares, focadas na promoção de comportamentos pró-sociais e na autoeficácia (a convicção de que se é capaz de realizar uma tarefa específica).
- Promover a relação com pessoas significativas, com quem se tenha confiança e com quem sinta que as suas emoções são validadas.
- Envolver-se em grupos cívicos/comunitários que signifiquem um compromisso com uma causa ou propósito valorizado pelo próprio.
- Ajudar terceiros dentro das suas possibilidades, quer seja enquanto voluntário ou dentro de um círculo social ou familiar.
- Cuidar de si próprio: comer bem, exercitar-se regularmente, dormir bem e hidratar-se adequadamente. Estes são comportamentos que permitem que o corpo se adapte à adversidade e contribuem para uma boa regulação emocional (capacidade de influenciar a valência e intensidade emocional num determinado momento).
- Evitar “soluções” que acarretam mais problemas que alívio: o tabaco, álcool e outras substâncias podem alterar de forma negativa, e em parte irreversível, a saúde física e mental.
- Extrair significado de situações adversas ultrapassadas e utilizá-las como exemplos para desafios futuros.
- Aceitar que a adversidade faz parte da vida de todos, que pode afetar os objetivos que gostaríamos de atingir. Ao aceitar circunstâncias que não são mutáveis, permite-nos focar no que podemos alterar.
- Ser proativo assim que possível, fomentar a perceção de se ter pelo menos algum controlo sobre os acontecimentos da vida e aumentar recursos para gerir a adversidade. Quando uma pessoa se sente exacerbada por uma situação adversa deve recordar-se que o que aconteceu não estabelece o que irá acontecer no futuro de modo definitivo e que a pessoa não é impotente. Mesmo que não se consiga alterar um evento marcante e negativo, é possível mudar a forma como se pensa sobre ele e como se responde ao mesmo.
- Frequentar psicoterapia. A combinação das intervenções cognitivo-comportamental e mindfulness parece ter um impacto positivo na resiliência.
Quando procurar ajuda?
Existem fatores genéticos e ambientais que interferem com a saúde mental e nunca é uma escolha ficar doente. A doença mental é limitativa e está associada a incapacidade superior à da maior parte das doenças existentes. Procurar ajuda quando necessário é crucial para o desenvolvimento da resiliência.
Um artigo da médica Catarina Jesus, psiquiatra no Hospital CUF Descobertas.
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