A depressão consiste numa perturbação mental muito comum no ser humano e caracteriza-se por ser uma disfunção emocional persistente que afeta negativamente a forma como a pessoa se sente, pensa e age. Provoca sentimentos de tristeza e/ou perda de interesse nomeadamente nas atividades habituais do quotidiano e diminui de forma significativa a capacidade funcional da pessoa, quer ao nível profissional, quer ao nível social.
No contexto atual, a existência da doença COVID-19 constituiu uma ameaça para a saúde ao nível físico e psicológico. De facto, estamos a viver uma situação de instabilidade emocional significativa, em que os sentimentos de angústia, tristeza, depressão, raiva e medo dominarão o nosso dia-a-dia. Como consequência, prevê-se que, haverá uma forte tendência a desvalorizar a sintomatologia depressiva, uma vez que a mesma poderá uma forte tendência a ser confundida com a tristeza e esgotamento, o que dificultará que a depressão seja diagnosticada.
A depressão é o “trilho” doloroso que induz a um sofrimento intenso, conduzindo em casos extremos ao suicídio. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2015, cerca de 300 milhões de pessoas tinham diagnóstico de depressão, sendo por isso classificada, como uma das principais causas de morte. Em Portugal a realidade não é diferente da restante situação mundial, estimando-se que haja cerca de um quinto da população (22,9%) com sintomatologia depressiva.
Atualmente sabe-se que a depressão é considerada a doença que mais contribui para as mortes por suicídio, com um índice bastante elevado, falamos de 800 mil situações por ano em todo o mundo. Apesar de ainda ser um assunto tabu na sociedade, o suicídio encontra-se entre as 10 principais causas de morte em Portugal e em todo o mundo. Em Portugal, suicidam-se cerca de 1.000 pessoas por ano. No entanto, desde o início da pandemia, o número de suicídios tem aumentado drasticamente.
Todos temos o dever de estar alerta e informados sobre a depressão e as suas consequências para unir esforços e ajudar quem se encontra em sofrimento, por isso, todas as atitudes são preciosas quando se suspeita que alguém possa estar depressivo e com pensamentos suicidas.
Sinais a que deve estar atento
- Tristeza ou com um humor deprimido;
- Perda de interesse ou prazer em atividades antes apreciadas;
- Alterações no apetite – perda de peso ou ganho não relacionado à dieta;
- Problemas para dormir (insónia) ou dormir demais;
- Perda de energia ou aumento da fadiga;
- Baixa autoestima e presença de sentimentos de culpa;
- Dificuldade para pensar, concentrar ou tomar decisões;
- Pensamentos de morte ou suicídio.
As condições médicas (por exemplo, problemas de tireóide, um tumor cerebral ou deficiência de vitaminas) podem imitar sintomas de depressão, por isso é importante descartar causas médicas gerais.
Numa primeira fase, é importante tentar entender o que está a acontecer e quais os sentimentos associados. Não tenha medo de perguntar à pessoa porque se sente triste, deprimida e se está a pensar em suicídio (desistir de algo). Sendo que é improvável, para não dizer impossível, que a depressão passe por si só, torna-se fundamental que o primeiro passo seja aceitar que precisamos de ajuda e, consequentemente, procurar ajuda dos profissionais de saúde mental (Psicólogos e Psiquiatras).
Tratamento
- Intervenção psicoterapêutica, cognitivo-comportamental;
- Intervenção medicamentosa;
- Outras técnicas comprovadas cientificamente (por exemplo: Neurofeedback);
A depressão, tal como as doenças físicas, precisa de ser tratada. Em todos os casos, o recurso à psicoterapia é fundamental e, em casos mais específicos, deve-se complementar o tratamento com a utilização de psicofármacos.
Lembre-se que a grande maioria das pessoas deprimidas melhora substancialmente com um tratamento apropriado. De uma forma geral, os quadros depressivos de intensidade moderada a grave são tratáveis com a conjugação da Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e a Medicação. Sendo que em casos ligeiros serão intervencionados com Psicoterapia Cognitivo-Comportamental.
Reforço o alerta: se conhecerem alguém que possa ter uma perturbação de humor, o mais importante a ser feito é aconselhar-lhe a procurar ajuda. Não devemos minimizar a depressão, antes pelo contrário, devemos ser ativos na procura de uma resposta.
A Saúde Mental é um assunto sério: Sem Saúde Mental Não Há Saúde.
Um artigo da psicóloga clínica Marisa Marques.
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