O presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (ANMSP), Ricardo Mexia, tomou conhecimento da decisão através de um e-mail enviado pela diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, aos delegados de saúde regionais, que depois o distribuíram para o resto da estrutura da saúde pública.

“Já tinha havido uma determinação prévia da suspensão das juntas da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte e tinha inclusivamente havido casos concretos de presidentes de juntas médicas que tinham entendido autonomamente também suspender a realização dessas atividades”, adiantou Ricardo Mexia. 

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

Na prática, sublinhou, foi “uma espécie de cascata que acabou por culminar agora na suspensão global das juntas médicas em todo o país”.

“É uma decisão que nós saudamos porque permite que os médicos de saúde pública se dediquem agora de forma muito mais focada na preparação e na resposta ao surto de Covid-19”, salientou.

O surto de Covid-19, o nome atribuído a doença provocada pelo vírus SARS-CoV-2, é uma Emergência de Saúde Pública de Âmbito Internacional, e “a situação em Portugal sofreu uma evolução muito rápida na última semana”.

“De facto, é um esforço coletivo importante, e os médicos de saúde pública têm uma responsabilidade concreta” e, “portanto, devem estar focados nas tarefas de preparação da resposta, na identificação dos casos, e na vigilância ativa dos múltiplos contactos próximos dos casos confirmados”, sublinha a associação.

Para Ricardo Mexia, a decisão de suspender temporariamente as Juntas Médicas de Avaliação de Incapacidade “tem de facto muito mais relevância para os portugueses e para o país” do que essa função.

“É uma função que nós não negamos que seja importante, mas que provavelmente poderá e deverá ser feita noutro contexto que não o das unidades de saúde pública”, defendeu.

Também o presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, que tem vindo a alertar o Governo para a necessidade de libertar os médicos desta função, defendendo que estes devem estar concentrados no sentido de fazer formação, dar orientações aos centros de saúde, aos médicos, às empresas, à população para poderem criar condições de evitar a propagação deste vírus.

“Felizmente, o Governo decidiu justamente isso”, sublinhou Roque da Cunha.

Para o presidente do SIM, as juntas podem ser feitas por médicos contratados para esse efeito ou pela Segurança Social.

Nesse sentido, defendeu, “dada a escassez de médicos e dada a especificidade e a importância de seu trabalho (…) esperemos que se encontre rapidamente uma solução” para que sejam libertados definitivamente deste tipo de tarefas.

Portugal regista 30 casos confirmados de infeção, segundo o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde, divulgado no domingo.

Todos os infetados, 18 homens e 12 mulheres, estão hospitalizados. Há ainda 447 pessoas sob vigilância por contactos com infetados.

A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 3.800 mortos.

Cerca de 110 mil pessoas foram infetadas em mais de uma centena de países, e mais de 62 mil recuperaram.

Nos últimos dias, a Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China, com 366 mortos e mais de 7.300 contaminados pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia.

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