“Este indicador vai-nos permitir perceber quais são os maiores problemas de saúde num determinado conjunto populacional, de forma a podermos orientar as políticas públicas para irmos corrigindo esses resultados menos positivos”, adiantou à Lusa o presidente da rede de municípios, Joaquim Santos, que também é autarca na Câmara do Seixal (CDU), no distrito de Setúbal.
O projeto, designado Atlas da Saúde, começa a ser desenvolvido a partir de hoje por uma equipa de investigação do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Coimbra, estimando-se que esteja ‘online’ daqui a dois anos.
Segundo o autarca, a nova plataforma vai permitir detetar, por exemplo, se num determinado concelho há um índice de obesidade infantil muito elevado, levando a autarquia a implementar medidas para melhorar e prevenir estes resultados.
“Nesse caso, há que fazer um trabalho junto das famílias, das escolas, das cantinas e da educação das crianças para que possam comer de forma correta e, ao mesmo tempo, desenvolver atividades físicas e desportivas para que possamos reduzir esse nível de obesidade”, explicou.
Além deste mapeamento, vai possibilitar também a “monitorização” do trabalho desenvolvido, porque vai ser “atualizada periodicamente”.
De acordo com o autarca, a primeira fase do projeto passa pela identificação, recolha e análise de dados, enquanto a segunda fase já englobará a “construção e aplicação de um índice multidimensional da saúde com capacidade para avaliar a saúde da população”.
A Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis é composta por 57 autarquias, localizadas de norte a sul do país, com cerca de quatro milhões de habitantes, pelo que a metodologia criada também terá em conta as especificidades de cada território.
“Temos grandes municípios como Lisboa e pequenos como Barrancos [distrito de Beja] e para cada um será feito um trabalho que não é igual. Vamos ter uma abordagem específica para um grupo de municípios em termos da sua dimensão populacional e do contexto em que está inserido”, avançou Joaquim Santos.
Neste projeto, serão investidos cerca de 100 mil euros suportados pelos municípios, apesar de o presidente ter a expectativa de que “algures no caminho surja o apoio do Estado”, até porque o trabalho elaborado “vai ser muito importante não só para os territórios, mas também para o Serviço Nacional de Saúde”.
“Este projeto vai aliviar muito o que é o tratamento da doença e todos os custos que estão inerentes porque vamos conseguir trabalhar na prevenção da doença. Hoje fala-se tanto na transferência de competências em que querem que as câmaras façam a gestão dos centros de saúde. Nós achamos que as câmaras não devem ser uns ‘faxineiros’ do Ministério de Saúde, mas podem fazer um trabalho junto da comunidade de apoio aos centros de saúde e hospitais, defendeu.
O Atlas da Saúde foi apresentado esta manhã na Sala do Senado, na Assembleia da República.
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