Segundo o relatório ‘Uma Nova Referência para os Sistemas de Saúde Mental – enfrentar os custos sociais e económicos da doença mental’, o impacto da doença mental no Produto Interno Bruto (PIB) pode chegar até aos 4,2%, entre custos diretos e indiretos, e os autores do estudo defendem que “pelo menos uma parte” destes gastos poderia ser evitada.

A OCDE reforça que os sinais de uma deterioração geral da saúde mental têm-se multiplicado a nível internacional desde o início da pandemia, em 2020, particularmente entre a população mais jovem, ao ponto de em alguns países os casos de ansiedade e depressão terem mesmo duplicado. “É crucial que os governos atuem no sentido de proteger a saúde mental e de pôr em prática serviços eficazes", refere o relatório.

A organização cita estudos em vários países que ilustram esta evolução: na Austrália, por exemplo, 78% das pessoas inquiridas entre finais de março e princípios de abril do ano passado disseram que a sua saúde mental se tinha agravado; no México estima-se que em 2020 cerca de 50% da população tinha declarado ansiedade ou sintomas de stress mental, a percentagem mais alta de qualquer estado para o qual tais estatísticas estavam disponíveis.

O agravamento é também notado ao nível da depressão e dos seus sintomas. Uma vez mais, o México destacou-se com a incidência na população a passar de 3% para 27,6%, embora as taxas mais elevadas sejam reportadas na Coreia do Sul (36,8%) e na Suécia (30%).

A OCDE insiste que mesmo antes da pandemia estimava-se que metade de todas as pessoas sofreria de algum grau de doença mental ao longo da sua vida.

Sobre a alocação das despesas de saúde pública à vertente da saúde mental, o Chile era o país membro da OCDE (entre 22 dos 38 que tinham dados disponíveis) que antes da pandemia dedicava a menor percentagem dos seus encargos, com 2,1% do total, em comparação com a média internacional de 6,7%. No entanto, os autores do estudo salientam que o governo chileno anunciou um aumento de 310% nesta rubrica orçamental.

Por outro lado, somente três membros estavam acima do limiar de 10% nos gastos de saúde pública em saúde mental: Reino Unido (10,3%), Noruega (13,5%) e França (15%).

Na disponibilidade de profissionais, a Suíça destacou-se, com 0,52 psiquiatras por 1.000 habitantes, em comparação com uma média de 0,18 na OCDE e apenas 0,11 em Espanha ou 0,01 no México, o mais baixo de todos. Portugal registou um aumento do número destes profissionais na última década, mas está ainda ligeiramente abaixo da média da OCDE.

Quanto aos psicólogos, os países mais dotados foram a Noruega (1,40 por 1.000 habitantes), Islândia (1,37) e Áustria (1,18). Em sentido inverso destacaram-se a Hungria (0,02), a Turquia (0,03) e o Japão (0,03).