A decisão foi tomada depois de se confirmar que a doença já tinha chegado à cidade mais povoada e estratégica de todas as afetadas até agora, e que estará a 20 quilómetros da fronteira com o Ruanda, o que aumenta o risco de uma propagação da epidemia.
O comité tem a missão de fazer uma recomendação formal ao diretor-geral da OMS, se é para manter o nível de alerta atual ou se será para elevá-lo, declarando emergência sanitária internacional, face à crise do ébola, que já provocou 1.665 mortos, doze novos casos a cada dia.
Os especialistas daquele órgão científico vão reunir-se pela terceira vez, por teleconferência, para analisar o atual surto de ébola na RDCongo, e a sua recomendação deverá ser conhecida à noite, indicou o porta voz da OMS, Fadela Chaib.
Até agora, o Comité de Emergência tinha considerado que a situação não reunia os critérios para ser considerada uma situação de emergência sanitária de alcance internacional, mas é possível que, face aos últimos acontecimentos, mude de opinião.
Uma decisão deste tipo tem duras consequências para o país, que de certa forma entra num período de isolamento internacional.
O primeiro caso de ébola na cidade de Goma, a uns 350 quilómetros da zona onde até agora se tinha considerado estar confinada a epidemia, foi confirmado na segunda-feira e veio reforçar a impressão de que o surto epidémico pode sair de controlo a qualquer momento.
Sobre os riscos que agora correm os vizinhos da RDC, Chaib disse que há um plano completo de preparação destes países para enfrentar a crise do ébola, que está a ser implementado em nove países da região.
O Ruanda é o mais próximo da zona afetada pela epidemia, atualmente, e já está a por em marcha esse plano de preparação, coordenado pela OMS, com mensagens de sensibilização dirigidas aos trabalhadores dos serviços de saúde e das comunidades.
As autoridades ruandesas também aprovaram um protocolo de vacinação e puseram já à disposição das equipas que levarão a cabo a imunização em zonas de alto risco, ao mesmo tempo que se estão a abrir centros de tratamento do ébola no país.
“Nas fronteiras as pessoas que viajam para o Ruanda são submetidas ao controlo do ébola. Estima-se que 100.000 pessoas cruzam a fronteira da RDC até este país”, precisou o porta voz.
Além disso, estão a realizar-se simulacros de uma situação de epidemia em vários hospitais e no aeroporto internacional de Kigali, para avaliar até que ponto o Ruanda está preparada para reagir a um primeiro caso confirmado.
A Unicef também confirmou hoje que o surto de ébola está a afetar mais crianças que em epidemias anteriores, representando estas já 31% dos infetados, o que compra com os 20% no passado.
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