Fala-se muito no tamanho do pénis masculino mas sabia que dois terços das mulheres atingem o orgasmo com recurso à estimulação manual e/ou oral? Apenas cerca de um terço o consegue só através da penetração, asseguram mesmo vários estudos internacionais desenvolvidos ao longo dos últimos anos. É descrito como o pico do prazer mas nem todas as mulheres o conseguem sentir da mesma forma ou regularidade.
"As definições do orgasmo feminino são díspares e há uma grande variedade na experiência de orgasmo entre diferentes mulheres e mesmo numa mesma mulher", sublinhou, em entrevista à Saber Viver, Patrícia Pascoal, psicóloga clínica e terapeuta sexual. Contudo, "quando se sente que se demora muito tempo até atingir o orgasmo, este apresenta baixa frequência ou é inexistente", realça mesmo a especialista.
Esse está, no entanto, longe de ser o único problema que se pode manifestar, "ainda quando se sente diminuição da sua intensidade e qualquer um destes aspetos causa mal-estar e desconforto", acrescentou ainda Patrícia Pascoal em declarações à revista feminina. Nessa situação, como faz questão de alertar, estamos perante uma "perturbação do orgasmo feminino", como a define e caracteriza a psicóloga e terapeuta.
Terei um problema?
São muitas as mulheres que em determinada fase da vida se interrogam acerca da situação. "A investigação tem demonstrado que as dificuldades em ter um orgasmo não se associam necessariamente a um mal-estar sexual ou a falta de satisfação com a vida sexual, ou seja o orgasmo é um fator importante para a satisfação sexual, mas este impacto é muito variável entre as mulheres", refere a terapeuta.
Um estudo desenvolvido por um grupo de investigadores para a Sociedade de Obstetras e Ginecologistas do Canadá em meados da década de 2010 concluiu que "muitas mulheres gostam da proximidade e intimidade física do sexo e estão satisfeitas". "Mesmo que ainda não tenham experimentado o orgasmo ou que, algumas vezes, não o consigam atingir", salientam, todavia, os autores da investigação.
Quando procurar ajuda?
Se sentir que a sua vida sexual não está bem, nunca teve um orgasmo, tem dificuldade em atingi-lo ou sente que a sua intensidade se alterou e esses factos estão a afetar a sua relação e autoestima é importante agir. Nesse caso, é aconselhável "procurar ajuda junto de um especialista acreditado na área da sexologia clínica, com formação clínica sólida e ainda uma especialização em sexologia clínica".
Este é um passo importante já que, como realça, "é necessário avaliar se há medicação ou alguma situação clínica que explique ou contribua para o problema para se poder definir o protocolo de intervenção adequado a cada situação", sublinha ainda a especialista Patrícia Pascoal.
Os porquês da perturbação do orgasmo
Os mais comuns são:
- Ansiedade
- Depressão
- Stresse
- Dificuldades de comunicação
- Diferenças no desejo entre os elementos do casal
- Conflitos não resolvidos
- Expetativas demasiado elevadas peducação rigorosa
- Crenças negativas acerca da sexualidade
- Doenças (como, por exemplo, diabetes ou esclerose múltipla)
- Alterações hormonais
- Toma de certos medicamentos (como, por exemplo, antidepressivos)
4 passos a percorrer até ao orgasmo
Conselhos a seguir para melhorar a sua vida sexual:
1. Relaxe. Concentre-se no momento que está a viver, sem pensar se vai ou não ter um orgasmo.
2. Comunique indique ao seu parceiro as suas zonas erógenas e o que lhe dá mais prazer. No momento em que estiver a sentir mais prazer, partilhe com ele e incentive-o.
3. Concentre-se aprenda a apreciar o momento. Para isso, é importante que se sinta confortável e conheça o seu corpo. Foque-se nos seus pontos mais fortes.
4. Fantasie Pensar em imagens excitantes pode ajudá-la a concentrar-se e a reduzir emoções negativas.
Onde procurar ajuda
Consulte um especialista credenciado. Se tem dificuldade em abordar esta questão com o seu médico de família, na página de internet da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica, encontra uma lista de serviços e profissionais acreditados para intervir nesta área. Não hesite em procurar ajuda!
Texto: Sofia Santos Cardoso com Patrícia Pascoal (psicóloga clínica e terapeuta sexual)
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