A violência contra qualquer pessoa (de qualquer faixa etária) pode assumir diferentes formas, ocorrer em diferentes contextos e estabelecer-se nas mais variadas relações.

1. O que é a violência emocional ou psicológica?

A violência psicológica, muitas vezes chamada de violência emocional é uma forma de abuso caracterizada por uma pessoa se sujeitar (mesmo que não intencionalmente) ou estar exposta a comportamentos que possam resultar em trauma psicológico. Estre trauma manifesta-se em sintomas de ansiedade e/ou depressão marcadas ou o desenvolvimento de Perturbação de Stress Pós-Traumático, entre outras psicopatologias associadas.

Este tipo de violência está normalmente associado a situações que acontecem no seio de relações abusivas, seja a nível romântico, familiar, profissional ou de amizade.

De acordo com Emotional abuse: The hidden form of maltreatment (1997) de Adam Tomison e Joe Tucci, “o abuso emocional é caracterizado por um clima ou padrão de comportamentos que ocorrem durante um certo período de tempo […]” ou seja, será sempre um padrão repetitivo e continuado de abuso emocional, ao contrário da violência física que pode ser considerada quando ocorre um único evento.

É natural conseguirmos identificar alguns sinais de abuso emocional nas outras pessoas, mas quando as situações acontecem connosco, estando mais emocionalmente envolvidos, torna-se muitas vezes difícil fazer essa identificação e a consequente tomada de decisão de as resolver.

O abuso psicológico envolve a intenção de alguém assustar, controlar ou isolar outra pessoa. Isto acontece não só através das palavras e ações da pessoa que violenta, mas também através da persistência do comportamento abusador. O abusador pode ser o marido/a mulher ou outro parceiro romântico, mas também pode ser alguém do seu local de trabalho, um membro da família ou cuidador ou alguém que pertence ao seu grupo de amigos.

Seja quem for que esteja a cometer o ato de violência emocional, é importante que perceba o seguinte: mesmo que a outra pessoa alegue que tem responsabilidades no comportamento que ele/a está a ter, nada justifica um comportamento emocionalmente abusivo e tem todo o direito (e dever) de procurar ajuda.

2. Quais os sinais a ter em consideração?

Há variadíssimos sinais e comportamentos que podem ser identificados como violência emocional, importando naturalmente o que o faz a si sentir e a intensidade, frequência e duração com que ocorrem. Isoladamente podem não ter impacto, mas quando agidos de forma permanente ou em conjunto uns com os outros são muitas vezes determinantes para a criação de trauma. Destacamos alguns:

  • Chamar nomes;
  • Promover humilhação da outra pessoa, seja através de denegrir o caráter com comentários depreciativos e exagerados, seja através de outra forma. Esta humilhação também pode acontecer em público quando se contam coisas íntimas ou segredos sobre alguém;
  • Gritar, normalmente com o objetivo de ganhar poder sobre a outra pessoa, intimidando e causando medo;
  • Adoptar uma atitude paternalista de forma permanente, como por exemplo: “Ah, eu sei que tu tentas muito ser diferente, mas isto está sempre além do teu entendimento, não consegues perceber…”, normalmente acompanhado de tom irónico;
  • Quando partilha algo que o/a incomoda e o outro desvaloriza constantemente como se o seu mal-estar não tivesse qualquer importância;
  • Ameaçar de forma direta ou indireta;
  • Controlar constantemente os sítios onde vai, com quem está e o que faz, assim como controlar aparelhos electrónicos ou contas de email e redes sociais. Aqui também entra o controlo financeiro de contas bancárias ou dos valores que são gastos em compras;
  • Tomar decisões unilaterais sobre coisas que dizem respeito a ambos, sem sequer o/a consultar;
  • Demonstrar por palavras, ações ou atitudes ciúmes muito intensos em relação a si;
  • Utilizar a sua culpa em proveito próprio para conseguir o que quer;
  • Abandoná-lo/a simplesmente porque está a fazer algo de que ele/a não gosta, ignorando quaisquer tentativas para conversas sobre o assunto, utilizando este abandono como forma de punição.

3. Como pedir ajuda?

Gostava muito que soubesse que não está sozinho/a e que pode e deve procurar ajuda se está a sentir ou já sentiu algum destes aspetos que refiro acima. É natural sentir vergonha ou culpa, o ciclo emocional em que se encontra torna, por vezes, muito difícil sair dessa situação. Procure ajuda na mesma, fale com pessoas em quem confia e peça-lhes ajuda para procurar ajuda profissional.

Ana Sousa - Psicóloga Clínica e Arte-Psicoterapeuta