Com risco ou sem risco?
Na semana passada, falámos sobre a importância da mesada como forma de ensinar os nossos filhos a tomar melhores decisões financeiras. Apresentámos, também, a dica de se constituir uma conta poupança. Agora, sugerimos que responda primeiro à pergunta: a poupança do meu filho deve ou não deve ter risco associado?
Para ajudarmos a refletir, sugerimos que pense também:
- Daqui a quantos anos vai ser mobilizado o dinheiro?
- Tenho algum montante objetivo em mente?
- Qual a minha capacidade de poupança mensal?
A resposta a estas perguntas vai-nos ajudar a perceber se a poupança do nosso filho deve ser investida com mais ou menos risco.
Será que o risco compensa?
De seguida iremos apresentar diferentes alternativas para aplicar o dinheiro dos seus filhos. No entanto, é fundamental responder à pergunta. A resposta é claramente positiva. O risco compensa, desde que:
- Tenhamos uma estratégia de investimento bem pensada;
- Diversificando riscos;
- Com um horizonte temporal mais alargado.
É certo que o que aconteceu no passado não pode nem deve ser visto como uma garantia de que irá acontecer no futuro. No entanto, estatisticamente, as aplicações com risco, quando bem geridas, acabam tendo mais retorno do que aplicações sem risco.
Contas Poupança e Depósitos a Prazo
As contas poupança e os depósitos a prazo são dos principais produtos subscritos para acumular poupança para as crianças. Tipicamente, os pais fazem entregas mensais automáticas para um produto que escolhem uma vez e para o qual nunca mais olham. E aqui está um perigo. Por norma, as taxas de retorno das aplicações para crianças têm taxas mais baixas do que as aplicações para os adultos. E isto acontece por desatenção ou por falta de análise e negociação.
Dito isto, estes produtos são caracterizados por não terem risco, ou por terem um nível de risco muito baixo, e bastante flexibilidade nas entregas mensais e/ou entregas pontuais. Caso opte por estas soluções, não desista e negoceie as taxas de juro com alguma regularidade.
Certificados de aforro
Os certificados de aforro são outra alternativa de poupança sem risco para os seus subscritores. Dependendo das séries a subscrever, poderá ter uma taxa de juro e um prémio de permanência maiores ou menores. Os certificados de aforro são produtos de dívida do Estado Português e permitem entregas iniciais a partir de 100€, conferindo um juro trimestral que tenderá a ser mais elevado do que os juros dos depósitos a prazo.
Plano Poupança Reforma
É verdade. O seu filho pode ter um PPR e resgatar o capital antes da reforma. O PPR é uma solução de investimento que pode ter o capital e a taxa de juro garantida (por norma, uma taxa bastante baixa) ou não ter esta garantia de capital e de retorno, tornando possíveis ganhos maiores (mas também podendo ter oscilações de preço negativas).
Os PPR têm como atrativo a possibilidade de diversificação de riscos por uma grande variedade de produtos financeiros, uma gestão profissional e uma fiscalidade bastante mais interessante do que soluções alternativas. No entanto, nem todos os PPR são bons, o que significa que se fizer uma escolha errada pode não ter tanto retorno como poderia esperar.
Fundos de Investimento
Os fundos de investimento são outra alternativa para aplicar o dinheiro dos seus filhos. Na prática, assemelham-se aos PPR mas sem as vantagens fiscais (nomeadamente ao nível da tributação dos lucros). Existem inúmeros fundos de investimento, dependendo da plataforma que utiliza para investir (sugerimos que escolha investir através de um supermercado de fundos). Pode investir em fundos de ações, de obrigações ou fundos mistos, entre outros. Quanto maior o peso do investimento em ações, maior o risco e a potencialidade de retorno.
Seguros Financeiros
Os seguros financeiros são outra alternativa de investimento. Pode ter dois tipos:
- Seguros de capitalização – Assemelham-se aos depósitos a prazo, têm capital e taxa de retorno garantido;
- Seguros Unit Linked – Assemelham-se a fundos de investimento, não têm capital nem taxa de retorno garantido.
A grande atratividade destes produtos consiste na fiscalidade mais interessante, especialmente para prazos de investimento maiores do que cinco anos.
A poupança dos nossos filhos tende a ser uma poupança para o longo prazo. Assim, pode fazer sentido ter pelo menos uma parte do património investido com algum risco. Se não se sentir confortável, que seja uma percentagem reduzida. Mas aproveite os vários produtos para explicar ao seu filho as vantagens e desvantagens da poupança e do investimento. Mostre a oscilação do preço e a sua reação a notícias do mercado, naturalmente adaptado à maturidade da criança. Com isto, consegue poupar, rentabilizar as poupanças e educar financeiramente o seu filho.
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