Porém, o sexo não apresenta uma função meramente reprodutiva e biológica, mas uma fonte de bem-estar e de prazer para todas as mulheres. Na verdade, a sexualidade é uma parte integrante da vida do ser humano, enquanto pilar da qualidade de vida e da sua identidade.

Outra parte integrante do ciclo de vida da mulher é a menopausa. A Organização Mundial de Saúde define a menopausa como a ausência consecutiva da menstruação por 12 meses, a qual tende a ocorrer entre os 45 e 55 anos. Os sintomas, ainda que passageiros, tendem a ser definidos como desagradáveis e, em algumas situações, incapacitantes.

É importante recordar que os sintomas não são apenas físicos, dado o impacto psicológico da menopausa, a qual tende a fragilizar o autoconceito das mulheres, a sua autoestima e, por sua vez, a relação conjugal.

Em termos físicos, o declínio da produção de estrogénios (hormonas relacionadas com a ovulação e com o desenvolvimento das características femininas) que define a menopausa, provoca uma diminuição do desejo e excitação sexual, bem como uma diminuição da lubrificação vaginal que pode causar desconforto aquando das relações sexuais.

As mudanças no corpo, como a tendência a ganhar peso, fragilizam a autoestima das mulheres e, por sua vez, surgem sintomas de depressão e ansiedade, tendencialmente expressos através da irritabilidade, choro, mudanças de humor e uma menor disposição para as relações sexuais.

Contudo, isto não significa que as mudanças sejam permanentes até ao fim da vida ou que tenha de acontecer com todas as mulheres. Aliás, algumas sentem um aumento do desejo sexual nesta fase da vida. Não raras vezes, este aumento da libido encontra-se associado à despreocupação em ter uma gravidez não planeada, levando a que algumas mulheres assumam esta fase da vida como um período de maior liberdade e despreocupação.

Mesmo para as mulheres que sofrem com possíveis mudanças físicas e psicológicas, pode revelar-se importante recorrer a ajuda psicológica.

Um psicólogo dispõe de ferramentas para ajudar as mulheres nos seguintes domínios, designadamente:

  1. regular as emoções (por exemplo, tristeza, raiva, irritabilidade);
  2. gerir as mudanças na imagem corporal (por exemplo, aumento do peso, mudanças na forma física);
  3. promover a autoestima;
  4. desenvolver estratégias de comunicação aberta e assertiva com o companheiro. Tome-se como exemplo as dores nas relações sexuais originadas pela reduzida lubrificação. O diálogo aberto com o companheiro é fundamental para encontrar estratégias facilitadoras da obtenção de prazer, como um maior investimento temporal nos preliminares e a descoberta de posições sexuais confortáveis para ambos, particularmente para a mulher.

O prazer sexual não acaba com a menopausa. Esta fase natural e inevitável do ciclo de vida da mulher pode ser transformada num período de desenvolvimento pessoal, em que a mulher se reinventa enquanto pessoa.

A menopausa é vivida de forma diferente e única, dado que cada mulher é igualmente única e com uma história apenas sua, repleta de ganhos e perdas, mas em constante transformação e evolução. Recorra a ajuda especializada, sem tabus. A menopausa não tem de ser um fim e pode ser um início.

As explicações são de Sofia Gabriel e de Mauro Paulino, da MIND | Instituto de Psicologia Clínica e Forense.