A PHDA é uma perturbação do neurodesenvolvimento, com início na infância, que tem uma expressão comportamental. Significa isto que, apesar da sua base biológica, não existem exames genéticos que avaliem a presença ou ausência da perturbação, sendo esta avaliação baseada na observação e avaliação de comportamentos. Assim, o diagnóstico de PHDA baseia-se em três sintomas comportamentais nucleares: desatenção, hiperatividade e impulsividade.

Uma das dificuldades na avaliação é que estes sintomas podem estar presentes em qualquer pessoa, na medida em que não é preciso ter esta perturbação para, em determinados momentos, demonstrar desatenção, hiperatividade ou impulsividade. Então, como podemos distinguir desatenção ou agitação, de PHDA? Esta distinção e diagnóstico deve ser feita por um especialista, baseado numa avaliação clínica cuidada e com recurso a instrumentos psicológicos adequados. No entanto, existem aspetos que podem ajudar a sinalizar esta distinção:

a) Frequência (as dificuldades estão presentes todos os dias? Ou a frequência varia?) – A PHDA acarreta dificuldades relativamente constantes, estando presentes de forma diária.

b) Intensidade (a pessoa tem estes comportamentos mais intensamente de que os pares?) – Qualquer pessoa pode demonstrar sintomas desta perturbação, n o entanto, estes sintomas podem ser mais ou menos intensos. No caso da PHDA, os sintomas tendem a surgir de forma mais intensa do que nos pares.

c) Impacto (as dificuldades estão a ter impacto na vida social, académica, laboral da pessoa?) – O impacto desta perturbação pode estender-se muito além de dificuldades na escola, podendo estar associado a problemas de aprendizagem, abandono escolar, dificuldades de socialização, problemas de sono e de consumo, mau desempenho profissional, baixa tolerância à frustração e instabilidade emocional.

d) Transversalidade (o comportamento ocorre em dois ou mais contextos, ou está restrito a um, como por exemplo, à escola, trabalho ou casa?) Considerando que se trata de uma perturbação com dificuldades de base genética, estão necessariamente presentes em vários contextos. Caso contrário, levanta-se a possibilidade de as dificuldades serem justificadas não por dificuldades individuais, mas por características do contexto (por exemplo, má relação com o professor, ou em casa haver maior tolerância para comportamentos agitados, em comparação à escola, ou vice-versa).

e) Longevidade (é algo recente? Ou presente na pessoa desde a infância?) – Apesar de alguns diagnósticos serem tardios, e feitos apenas na vida adulta, a perturbação está presente desde a nascença e, por isso, para que seja feito o diagnóstico, é necessário que os sintomas estejam presentes desde a infância. Caso contrário, as dificuldades podem estar associadas ao contexto ou período de vida que a pessoa está a passar e não serem dificuldades estáveis, como é o caso da PHDA.

Estima-se que cerca de 5% das crianças e 2,5% dos adultos tenham PHDA. É comum ser mais facilmente identificada no sexo masculino, em comparação ao feminino, porque no primeiro caso a expressão da PHDA tende a ser mais observável, devido a grande agitação e impulsividade. Pode ser mais difícil identificar a perturbação no sexo feminino, na medida em que são mais comuns sintomas de desatenção (mesmo que não sejam agitadas ou impulsivas) e, por isso, mais difíceis de sinalizar a um observador externo. Significa também que esta perturbação se pode expressar de formas muito distintas: tanto numa criança desatenta, mas bem-comportada, como numa criança muito agitada, sem dificuldades de atenção.

Apesar do impacto que a perturbação pode ter, é uma perturbação estudada, para a qual existem abordagens terapêuticas eficazes na redução dos sintomas, tais como a medicação e a psicoterapia. Em Terapia Cognitivo Comportamental, é possível aprender e desenvolver estratégias práticas que facilitem as dificuldades desta perturbação. Se tem dificuldades de atenção, impulsividade e/ou hiperatividade, ou se as identifica numa criança a seu cargo, procure ajuda especializada para que possa construir as ferramentas necessárias para as colmatar.