Cada vez ouvimos mais falar sobre Psicologia e a palavra “psicólogo” tende a ser rápida a surgir em conversa, em vários contextos. Não poucas vezes, ouvimos por parte de profissionais de diversas áreas, por exemplo, de atendimento ao público que, por ouvirem frequentemente problemas e queixas dos seus clientes, e, muitas vezes, opinarem, “às vezes, também faço de psicólogo” ou “no meu trabalho, também sou um bocado psicólogo”.
Afinal, quais são os critérios que regem uma profissão que, aparentemente, qualquer um acha que pode fazer?
Segundo a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), “um psicólogo/a é um profissional com formação e experiência profissional em Psicologia. Com os seus conhecimentos sobre ciência psicológica, os Psicólogos procuram compreender e melhorar o funcionamento e o bem-estar da sociedade e das pessoas – os seus pensamentos, sentimentos e comportamentos”.
Quer isto dizer que a atuação de um profissional de Psicologia pode abranger diversas áreas de trabalho, estendendo-se a quaisquer contextos onde existam pessoas com pensamentos, sentimentos e comportamentos envolvidos. Entre as diferentes áreas de atuação de um psicólogo, podemos distinguir quatro grandes áreas, todas elas compostas por outras áreas, mais específicas (por exemplo, Psicologia da Justiça, Psicologia do Desporto, Neuropsicologia):
a) Psicologia Clínica e da Saúde – procura prestar apoio e cuidados de saúde e avaliar psicologicamente indivíduos e famílias. É a área da Psicologia provavelmente mais conhecida e reconhecida, sendo que um psicólogo clínico pode trabalhar tanto em consultórios e clínicas, como noutras instituições (hospitais, centros de saúde, associações privadas ou públicas, escolas, entre outros).
b) Psicologia do Trabalho, Social e das Organizações – tem como objeto de estudo as organizações, o comportamento humano dentro e fora destas e a forma como as pessoas integram e interagem com a empresa e trabalho. São exemplos de temas recorrentes a saúde no trabalho, o stress laboral, coesão de equipa, gestão de conflitos, liderança e comunicação. A Psicologia Social procura também investigar e intervir sobre processos de pensamento e capacidades mentais (por exemplo, perceção, atenção e memória), e explora diversos temas, como a psicologia do ambiente, psicologia jurídica, ou comportamentos de consumo.
c) Psicologia da Educação – área cujo foco de intervenção e trabalho são os contextos educativos, onde ocorrem os processos de desenvolvimento, educação e aprendizagem. Procura ter um papel preventivo e de promoção de saúde e bem-estar. São temas recorrentes a gestão de aprendizagem e de carreira, orientação vocacional, o bullying e saúde escolar, assim como intervenção comunitária e institucional.
A Psicologia, em Portugal, é uma profissão regulada. Significa isto que um psicólogo clínico, por exemplo, para o ser, deve ter concluído uma formação obrigatória que inclui uma Licenciatura em Ciências Psicológicas (3 anos), um Mestrado em Psicologia Clínica (2 anos) com um Estágio Curricular e, posteriormente, fazer um Estágio Profissional (1 ano) supervisionado. Só após este percurso o indivíduo é considerado um Membro Efetivo da OPP, podendo desempenhar a profissão de forma independente, regida pelo Código Deontológico que visa proteger não só o profissional, como, acima de tudo, o cliente. Mesmo após esta formação obrigatória é a responsabilidade do profissional continuar a sua jornada formativa, frequentando outras formações que permitam manter a sua atualização e qualidade.
O psicólogo clínico é, muitas vezes e erradamente, considerado como alguém que dá conselhos e opiniões, como se desse ao seu cliente soluções para resolver os seus problemas. No entanto, o trabalho de um psicólogo clínico é baseado em estratégias com evidências científicas, aliado a uma postura empática, neutra e afastada de julgamentos e opiniões pessoais. Quer isto dizer que não tem como objetivo opinar ou indicar aquilo que é certo ou errado para a pessoa. Ao invés disso, o profissional procura, juntamente com o cliente, ajudar este a chegar às suas próprias conclusões, auxiliando-o com ferramentas úteis para esse processo.
Todos nós somos capazes de ouvir, empatizar e procurar ajudar os outros. Isso faz de nós pessoas, amigos, familiares preocupados e bem-intencionados, com um papel importante na vida dos outros. No entanto, não é isso que faz de nós psicólogos.
Proteja-se e certifique-se que os profissionais com quem contacta são Membros Efetivos da Ordem dos Psicólogos Portugueses, no Diretório disponibilizado pela OPP.
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