Todos nós somos seres relacionais, todos nós procuramos relações que nos fortaleçam e que nos mantenham ligados à vida e que nos façam sentir completos. Apesar de as relações serem  a maioria das vezes  um dos nossos principais pilares e uma grande fonte de equilíbrio, a verdade é que são também amplamente desafiantes e, não raras vezes trazem consigo dores e despertam algumas das nossas maiores fragilidades.

Assim, perante a vontade de ter uma relação saudável e estruturada a longo prazo não nos devemos esquecer que, por vezes, precisamos de transformar alguns dos nossos padrões e algumas das nossas tendências de ação. Sendo que é essencial termos consciência que há alguns obstáculos que de forma mais comum impedem as relações de se manterem saudáveis, dos quais destacamos:

1. Escondermos a nossa vulnerabilidade

Uma relação torna-se reparadora e singular à medida que somos capazes de em relação sermos espontâneos e genuínos em todos os momentos. Essa espontaneidade implica sermos capazes de depositar na relação  o nosso lado mais bonito, mas também o nosso lado mais frágil. Permitindo que a outra pessoa possa ver-nos por inteiro, amar-nos por inteiro e, no limite, alavancar-nos quando mais vulneráveis estamos. Se permanentemente escondermos a nossa vulnerabilidade, é difícil darmo-nos por inteiro à relação e, naturalmente, a ruptura e a incompreensão perante os momentos mais frágeis, tornar-se-á mais frequente.

2. Incapacidade de sermos tolerantes

Temos por hábito exigir que os outros sejam empáticos e tolerantes na relação connosco, porque sabemos o que implica emocionalmente os diversos momentos da nossa vida. Mas, muitas vezes, temos dificuldade em sê-lo em relação aos outros. Para uma relação perdurar de forma saudável pelo tempo precisamos de ser tolerantes e de ser capazes de compreender emocionalmente o outro, ao mesmo tempo que nos sintonizamos com ele. Sendo que uma das queixas mais frequentes por parte dos parceiros é a ausência de compreensão e tolerância perante os momentos difíceis ou as dores emocionais.

3. Ausência de intimidade

As relações saudáveis implicam sempre intimidade, uma relação precisa de ser alimentada e a intimidade é um combustível poderoso para uma relação. Sendo que é muito claro que a qualidade da relação no seu todo influencia a qualidade da intimidade e a intimidade influencia a qualidade da relação. Aquilo que devemos ter presente é a capacidade de perceber o que nos leva da sintonia emocional à proximidade física e vice-versa, para que, quando a intimidade se esbate, possamos perceber as origens e de forma consciente agir sobre elas, restruturando-a e correspondendo às novas necessidades.

Perante todas as exigências das relações românticas e perante todo o equilíbrio, ou desequilíbrio, que as relações podem gerar, nunca nos esqueçamos que para uma relação se manter positiva e saudável ao longo do tempo, precisamos sempre de a alimentar, de nos movermos no sentido de a manter como um pilar, com tudo aquilo a que uma relação tem direito e que, mesmo nos momentos mais desafiantes, precisamos de nos manter sintonizados com a relação e com os desafios que surgem.

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.