Um estudo da Universidade de Valência, em Espanha, chegou à conclusão que ler em papel é mais eficaz do que ler em ecrãs no que toca à compreensão e memorização do que é lido.

A hipótese explicativa mais plausível é a da "superficialidade": segundo os investigadores, "a forma de o ser humano interagir com os média digitais pode ser definida por interações rápidas e superficiais, marcada por informações breves. Para que, durante a leitura, seja dada compreensão ao assunto, o leitor deve concentrar-se na construção do fio do texto e esse processo é interferido se adotarmos um modo de leitura superficial, típico dos ecrãs digitais", explica ao SAPO Ladislao Salmerón, professor na Universidade de Valência e coordenador da investigação.

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Segundo o estudo, ler em meios digitais favorece mais mal-entendidos devido, talvez, a uma combinação de fatores: os detalhes são menos valorizados e as ideias são menos relacionadas.

Fator idade sem influência

O fator idade não alterou a superioridade do papel, ou seja, esta mantêm-se em qualquer faixa etária.

"O efeito da superioridade do papel aumenta em pessoas com menos de vinte anos. A geração que tem hoje 16 anos apresenta um efeito maior da superioridade do papel do que o mostrado pelas gerações anteriores. Para ser claro, as novas gerações entendem mais o que é lido no papel face aos dispositivos digitais, em comparação com as gerações anteriores", acrescenta o investigador.

Equipa
Equipa Equipa da Universidade de Valência créditos: DR

Por outro lado, o efeito da superioridade do papel é maior quando o leitor tem alguma pressão relacionada com o tempo, como é o caso típico dos exames ou testes. Quando não temos essa pressão, algo que é mais típico em contextos fora da escola, esse efeito desaparece.

No entanto, com a expansão dos meios de leitura digital - como o tablet, o kindle ou smartphone -, ler em papel parece não ter os dias contados.

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"O que fica evidente é que o uso de meios digitais não é motivado por uma maior compreensão da leitura", diz Ladislao Salmerón. "Certamente é devido a uma combinação de fatores, incluindo pressão social, conforto, entre outras razões", comenta.

Os livros de papel estão aqui para ficar?

"Ainda temos de encontrar o equilíbrio ideal entre livros escolares e materiais digitais no ambiente escolar. Ambos os formatos podem ser usados para finalidades diferentes. Os materiais de papel são ideais para tarefas que exigem mais concentração e menos distrações, como compreensão de leitura ou resolução de problemas matemáticos. Mas os materiais digitais são ideias para outros fins, como transmitir e manipular informações audiovisuais", refere o especialista.

A investigação que esteve na origem do estudo contou com a participação de Pablo Delgado e Cristina Vargas, da Faculdade de Psicologia da referida universidade. O estudo resultou ainda de uma colaboração com Rakefet Ackerman, do Instituto de Tecnologia de Israel.

A análise baseou-se em dados de mais de 170.000 pessoas, com idades que compreendem a idade primária à idade adulta, em mais de dez países.