Atualmente, os suplementos nutricionais orais são produtos de venda livre, por não serem comparticipados. No entanto, o desconhecimento sobre o que realmente são e as indicações clínicas a que se destinam, como é o caso da presença de malnutrição associada à doença, obriga a que sejam utilizados exclusivamente sob a supervisão de um profissional de saúde desde a sua recomendação até à revisão da terapêutica nutricional instituída. Infelizmente, nem sempre é o que sucede, alertam os especialistas.
A malnutrição associada à existência de doença(s) é sinónimo de desnutrição, está associada ao risco nutricional e é um problema de saúde grave que está generalizado na Europa. Apesar de poder estar diagnosticado, nem sempre é tratado, como constatam muitas vezes os profissionais de saúde no terreno. Estima-se que, no continente europeu, cerca de 33 milhões de pessoas estejam em risco nutricional.
Importa, assim, percebermos o que são e para que servem exatamente este tipo de suplementos nutricionais e, sobretudo, o que não são e em que situações estão a ser mal utilizados. Reunimos para si o essencial do que se diz em torno deste tema, esclarecendo, de uma vez por todas, com o auxílio de Isabel A. Castro, nutricionista do Hospital de Santa Cruz, que integra o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, as cinco questões que, por norma, tendem a suscitar mais dúvidas nos consumidores.
1. Os suplementos nutricionais orais podem ser tomados, pela população em geral, como substitutos das refeições
Mentira. A suplementação nutricional oral é recomendada como complemento da alimentação para situações em que não seja possível atingir as necessidades nutricionais somente com a alimentação habitual, mesmo tendo sido feita adequação alimentar.
A nutrição clínica, em específico os suplementos nutricionais orais, consiste em soluções nutricionais indicadas para a terapêutica nutricional, individualizada, em casos de malnutrição associada à doença. Trata-se de uma alimentação para fins medicinais específicos e tem por objetivo satisfazer as necessidades nutricionais de quem não as consegue alcançar apenas com a alimentação habitual.
2. Um dos objetivos da suplementação nutricional oral é prevenir o risco de complicações nos doentes
Verdade. A suplementação nutricional oral tem como objetivos atingir as necessidades nutricionais diárias e uma melhoria do peso/massa muscular, o que permite a melhoria do estado nutricional e leva à redução do risco de complicações, como infeções, desenvolvimento de úlceras de pressão e readmissões hospitalares.
3. Os suplementos nutricionais orais são todos iguais
Mentira. Existem suplementos nutricionais orais para casos específicos, como sucede nos casos de presença de diabetes, de disfagia (dificuldade em engolir) ou de doença hepática, entre outros. Estes suplementos nutricionais orais específicos permitem colmatar as necessidades nutricionais particulares associadas a estas condições.
4. Os suplementos nutricionais orais proteicos são aconselhados para desportistas
Mentira. Os suplementos nutricionais orais completos não apresentam indicação clínica para indivíduos saudáveis, incluindo os desportistas. Uma pessoa saudável deve seguir uma alimentação equilibrada e diversificada.
5. A toma de suplementos nutricionais orais requer monitorização clínica por parte de um médico ou de um profissional de saúde
Verdade. A toma destes suplementos em caso de malnutrição associada a uma doença pode agravar o estado clínico dessa patologia, pelo que é essencial haver vigilância clínica frequente feita por um médico ou por um profissional de saúde, como é o caso dos nutricionistas.
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